Ler o teu pedaço de prosa da última semana levou-me ao sétimo céu, mesmo sem ser crente em paraísos como os que vêm inscritos no catecismo e no manual marxista que vigora na Coreia do Norte. A do Coelhone bombeiro-toureiro, então, foi de ir às lágrimas. Valha-nos que não faltam musas para inspirar semelhantes evangelhos, seja por cá, sejá lá por fora. A do sexo oral em Inglaterra como prevenção para a gravidez na adolescência é o supra-sumo da clarividência. E se em Inglaterra o lorpa do Toneca Blair quer impor o sexo oral como comportamento adequado à rapaziada, por cá devia ser doutrina para os políticos. Muito sexo oral, sobretudo nas sessões parlamentares e nas reuniões de câmaras e de assembleias municipais, obrigaria os políticos a terem a boca cheia com assuntos (se é que me faço entender) que não os deixariam debitar as asneiras pegadas que vão largando com uma regularidade digna de um Rolex. Mas não são esses assuntos prosaicos que neste momento me tiram o sono. O que me preocupa mesmo é a perda de identidade, a extinção, a que o Ribatejo está sujeito graças a uma conspiração tenebrosa maquinada por um polvo com mais braços que a ria de Aveiro.Não sei se já reparaste, mas esta coisa de nos dividirem ao meio, de nos enfiarem a martelo no Alentejo e na Região Centro, como tu, na tua alta sapiência, muito bem descortinas, tem vindo a ser desenhada gradualmente em corredores sombrios por políticos que querem acabar com o último reduto dos toiros e das toiradas, dos campinos e dos cavalos. Provavelmente inimigos figadais da vereadora escalabitana Idália Moniz, a última irredutível ribatejana que na sua luta ciclópica pela preservação das seculares tradições aventa toiros, toiradas, feiras, picarias e largadas à tromba dos separatistas, já que obuses, por aqui, infelizmente, não abundam. Apesar de termos o Campo Militar de Santa Margarida e a Escola Prática de Cavalaria... Manel, se já te estás a rir, pensando que estou no gozo, trata lá de pôr cara séria, porque o que vem a seguir não é fácil de engolir. Quanto mais de vomitar... Eu dou-te algumas pistas. Já não bastava que o governador civil de Santarém fosse de Ourém, concelho que quer passar para o distrito de Leiria e dar a primeira machadada na nossa união. Um agente infiltrado, está bom de ver... Depois veio o ex-deputado e chefe distrital do PSD, Miguel Relvas, agora arvorado em secretário de Estado da Administração Local, a co-inventar a divisão do distrito ao meio e a separar de vez a sua templária Tomar da moura Santarém. Isto quando há quatro ou cinco anos andava a pregar tipo pastor da IURD contra a regionalização do PS, que até foi a referendo, e que queria juntar o distrito de Santarém com o de Leiria.Agora, vem o insofismável baby face Paulo Fonseca, vereador do PS de Ourém, a candidatar-se a presidente da federação distrital do PS de Santarém. Isto traz água no bico, Manel. Ó se traz. Logo um gajo de Ourém! Chama-se a isto minar o terreno... Depois apanham-nos à mão! É por isso que já me fiz militante do PS para me fazer pagar na mesma moeda. E vou votar no dótôr Zé Brilhante para presidente da distrital, porque só ele garante a perenidade do nosso Ribatejo. Ou não tivesse ele prometido criar um conselho de sábios, ou lá o que é aquilo, onde se inclui o inestimável e arguto Zé da Cunha, homem que, entre muitos outros atributos, conseguiu fazer do Entroncamento uma Damaia em pleno Ribatejo. Com essa aquisição para a causa ribatejana do nosso “Viriato” Brilhante, mais uma vez se prova que não há D. Quixote sem o seu Sancho Pança.Um abraço quebra-ossos do Serafim das Neves, lídimo defensor da união ribatejana de Mação a Vila Franca