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Chega de tabus

José Miguel Noras e uma eventual candidatura independente

Um artigo de opinião de José Miguel Noras nesta edição de O MIRANTE pode ser visto como a rampa de lançamento para a candidatura independente do seu autor à Câmara Municipal de Santarém. Mas o ex-presidente da câmara escalabitana e actual presidente da Assembleia Municipal de Santarém referiu ao nosso jornal ter escrito o artigo no abstracto e não se quis pronunciar sobre a possibilidade de vir a ser candidato à presidência do município em 2005.

Contudo, uma análise ao conteúdo do texto revela algumas alusões a um passado recente em que Miguel Noras foi protagonista e em que se chegou a projectar a sua candidatura como independente nas últimas autárquicas. O que abre caminho a óbvias especulações, porque são coincidências mais.Aliás é o próprio que recorda que “Contrariamente ao que se verificou em 2001, estão agora reunidas as condições para o surgimento de consistentes apostas alternativas” - entendendo-se por “apostas alternativas” as “candidaturas exteriores às tradicionais forças políticas”.É que se há dois anos a escassez de tempo e de organização de uma máquina de campanha forte podem ter obstado ao surgimento de listas independentes, agora, diz Miguel Noras, “a situação mudou”.O recado é pois para quem está no poder. E também para quem se pensa candidatar a ele como independente. Sem especificar nomes. Alimentando o tabu. “Para as ‘candidaturas independentes’ chegou a hora. Aqueles que partirem mais tarde podem optar (desde já) por fazer poemas à lua. Serão esmagados pelos aparelhos partidários e pelas exigências burocráticas que uma ‘candidatura alternativa’ impõe. Não terão qualquer hipótese!”.E em Santarém já se trabalha. Mesmo sem ninguém dar a cara, sabe-se que na sombra há quem continue a sonhar com uma candidatura independente, que pode abranger figuras de vários quadrantes ideológicos. Uma candidatura que para ter sucesso seria obrigada a apresentar uma figura conhecida da opinião pública, com algum peso político. Ora, José Miguel Noras, mesmo na mó de baixo, foi a votos nas últimas eleições autárquicas e ganhou a presidência da assembleia municipal, contra adversários como Vasco Graça Moura e João Madeira Lopes. Além disso, o seu capital político, embora desgastado pelos anos de poder, por alguns erros estratégicos e pelas críticas dos opositores internos e externos, não é de desprezar. Basta ver que a candidatura independente esfumou-se em 2001 assim que Noras decidiu jurar fidelidade ao PS. A aposta era claramente nele. Ou dele.Vamos ver como será agora. Para já, a sua saída do PS parece ser uma questão de oportunidade - a carta de demissão já chegou a estar entregue –, até porque a presidência da assembleia municipal é um púlpito que lhe garante visibilidade e lhe dá voz no combate político até final do mandato.Uma situação que aliás incomoda sobremaneira as cúpulas do PS local que o apearam do poder autárquico em 2001. O MIRANTE sabe que a retirada da confiança política a José Miguel Noras enquanto presidente da assembleia municipal tem vindo a ser ponderada e porventura guardada para a oportunidade certa. Talvez seja nessa altura que tudo se clarifique, que as águas se separem e que os tabus caiam como castelos de cartas. Talvez seja o próprio PS de Santarém a antecipar-se ao que já foi o seu líder concelhio e distrital, a dar a pedrada no charco e a separar definitivamente as águas. Porque a paz podre não pode durar sempre...João Calhaz

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