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Diminuição de fundos afunda património

Visita do Ministro da Cultura não animou Santarém

Até 2006 não vai haver dinheiro para recuperar o Convento de S. Francisco. A culpa é da diminuição dos Fundos Comunitários para a Região de Lisboa e Vale do Tejo. A única mas remota esperança é o Programa Operacional de Cultura. O Ministro Pedro Roseta esteve em Santarém mas não animou ninguém. O lema da visita até poderia ser: “depois se verá”. Só a nova biblioteca e o arquivo municipal, previstos para o Campo Infante da câmara poderão escapar à política do aperta o cinto.

O ministro da Cultura reconheceu na segunda-feira que a degradação do Convento de São Francisco é o principal problema com que se confronta Santarém na área do património monumental e que até 2006 dificilmente haverá verba para avançar com as necessárias obras. “É um problema muito delicado e cuja saída ainda não encontrámos”, afirmou.Durante uma visita de trabalho à cidade, Pedro Roseta explicou que aquele monumento nacional é uma das vítimas do famigerado phasing out que deixou a Região de Lisboa e Vale do Tejo condicionada no acesso aos fundos europeus do III Quadro Comunitário de Apoio. A esperança que resta é que se registem excelentes taxas de execução do Programa Operacional de Cultura que permitam a criação da chamada “reserva de eficiência” desse programa. Um prémio aos bons desempenhos dotado de alguns milhões de euros que poderia contemplar também Santarém.Certo é que sem o restauro do Convento de São Francisco não será ali instalado qualquer museu de tumulária, como é aspiração da autarquia e de figuras ligadas à defesa do património. E sem esse museu não se dá o ambicionado regresso à cidade dos túmulos de D. Fernando e de D. Constança, há 150 anos à guarda do Convento do Carmo, em Lisboa.Mas Pedro Roseta, que optou sempre por um discurso comedido e franco, deixou claro que algum do património deslocado para Lisboa já não vai regressar à origem. “Não é pensável ir buscar uma coisa a um museu para a ir colocar num local que já não existe”, afirmou, deixando claro que quanto aos túmulos reais a situação é diferente, já que estavam instalados em São Francisco.O governante também não deixou respostas conclusivas quanto a um possível apoio à autarquia visando o restauro da Igreja de São João do Alporão, cuja pedra se está a desfazer há décadas. Primeiro, diz, há que proceder aos estudos que identifiquem o problema e proponham soluções. Depois se verá. Mas pelo meio sempre recordou que o Estado já tem uma fatia grande de monumentos à sua responsabilidade em Santarém, destacando a intervenção em curso no mosteiro de Almoster.Apesar de logo no início da visita o presidente da Câmara de Santarém, Rui Barreiro (PS), ter aludido à necessidade de apoio por parte da tutela, Pedro Roseta praticamente só deixou garantias relativamente à nova biblioteca e arquivo municipal, projectados para o Campo Infante da Câmara. Obras há muito faladas e que não dependem de fundos europeus, cabendo metade da verba ao Estado e a outra metade à Câmara de Santarém.Rosa Damasceno sem apoiosO Ministério da Cultura descarta a hipótese de apoiar uma possível e necessária remodelação do Teatro Rosa Damasceno, uma sala de espectáculos fechada há anos que a autarquia escalabitana está interessada em adquirir ao Clube de Santarém.“O Ministério da Cultura não apoia, por princípio, a remodelação de dois teatros na mesma cidade, seja ela qual for”, afirmou taxativamente o ministro da Cultura no início da sua visita à cidade. Recorde-se que o Estado já assumiu a comparticipação das obras de recuperação do Teatro Municipal Sá da Bandeira, actualmente em curso e que Pedro Roseta visitou.O governante deixou ainda um recado ao presidente da Câmara de Santarém, referindo que não quer que se abra uma guerra entre cidades por causa da Capital Nacional da Cultura em 2005. Neste momento perfilam-se como candidatas Santarém e Faro.Abaixo-assinado pela expropriação do Rosa DamascenoUm grupo de cidadãos de Santarém vai pôr a circular na cidade, a partir de 29 de Março, um abaixo-assinado onde apela à autarquia que exproprie o Teatro Rosa Damasceno e o devolva à população enquanto sala de espectáculos. Todos os que pretendam subscrever a ideia podem fazê-lo no Posto de Turismo, na Biblioteca Municipal e na Casa do Brasil.O auto-intitulado “grupo de amigos do Cine-Teatro Rosa Damasceno” reagiu assim a notícias postas a circular que dão como certo o interesse na compra do imóvel, propriedade do Club de Santarém, por um grupo privado. Uma hipótese encarada com maus olhos por figuras ligadas à defesa do património, já que a finalidade do imóvel poderá ser adulterada.Lembrando que o edifício, classificado como Imóvel de Interesse Concelhio, se encontra “desprezado e em completa deterioração”, os promotores do abaixo-assinado defendem que o espaço se transforme num forum cultural, “fundamental para dar nova vida ao centro histórico”.Entre os promotores do abaixo-assinado estão o ex-deputado e ex-vereador Pedro Canavarro, a ex-vereadora Luísa Barbosa e ainda Segundo Nestal, Teresa Lopes, Francisco Sequeira, Margarida Gabriel, Rui Lopes e Maria João Alves.

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