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Três secretários de Estado são de Tomar

Miguel Relvas, António Lourenço e Franquelim Alves

O secretário de Estado da Administração Local, Miguel Relvas, costuma dizer que “Tomar é a cidade de Portugal com mais membros do Governo”. Pode não ser bem assim ,mas a verdade é que nunca uma cidade do distrito de Santarém esteve tão bem representada ao nível do poder central. São três secretários de Estado. Para além de Miguel Relvas, estão no executivo, António Lourenço dos Santos, Negócios Estrangeiros e Cooperação, e Franquelim Alves, secretário adjunto do ministro da Economia.

Miguel Relvas, secretário de Estado da Administração Local, é a face mais visível do poder de Tomar em Lisboa – desde 1987, altura em que foi eleito secretário geral da Juventude Social Democrata (JSD), que o seu nome é badalado a nível político. Mas há outros dois nomes do concelho no executivo de Durão Barroso.António Lourenço dos Santos, empossado na mesma altura que Miguel Relvas com o cargo de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e Franquelim Alves, que ocupa o cargo de secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia desde o dia 8 deste mês, quando Durão Barroso decidiu dar uns “retoques” no seu staff governamental, completam o leque dos “delfins” de Tomar que têm assento nas cadeiras do poder.Nascido na localidade de Linhaceira há 49 anos, Franquelim Alves cedo revelou uma tendência natural para os números, culminada com a licenciatura em Economia e um MBA em Finanças. Com muito sacrifício e grande tenacidade. Ia a pé para a escola, em Tomar, para conseguir acabar o então sétimo ano.Desde cedo que a sua vida começou a ser feita em Lisboa mas nunca deixou de vir à sua terra. Simples, discreto e humilde, o novo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Economia nunca esqueceu as suas raízes provincianas. Adora o campo, não tem pudor em pôr as mãos na terra e detesta que o tratem por doutor. Comprou recentemente casa na elitista Quinta da Marinha mas não se coíbe de levar amigos “importantes” à modesta casa onde nasceu.“Quando está aqui é Franquelim para toda a gente”, diz a mãe, Clarisse, orgulhosa do cargo que o filho agora ocupa. Quase todos os fins-de-semana Franquelim Alves visita os pais e revê os amigos. Gosta das festas da família, dos petiscos e do bom humor. Ninguém lhe tira a bica e muito menos os jornais do dia. “É viciado em leitura, não há dia que aqui esteja que não tenha que ir comprar jornais”, diz a progenitora.Clarisse Garcia Alves diz estar “orgulhosa” da educação que deu ao seu filho, o mais velho de três e o que conseguiu subir mais na vida. Quando ele lhe telefonou a dar a notícia, tinha ela acabado de dar uma queda e estava para ser transportada ao hospital. Ironias do destino. “Foi tudo um bocado a correr, nem o consegui ver na televisão”, diz com a lágrima ao canto do olho.Boémio, festeiro, bom copo e pessoa de uma simplicidade fora do vulgar é como os amigos vêem António Lourenço dos Santos. O “Tó Papo-seco” para os mais chegados nasceu em pleno centro histórico de Tomar, onde os pais possuíam a Padaria Combatente, ainda hoje existente, em frente à Sociedade Nabantina.Foi aluno fundador da então denominada secção de Tomar do Liceu Nacional de Santarém e cedo demonstrou a sua apetência para “comandar as tropas”. Carlos Carvalheiro, director do grupo de teatro Fatias de Cá, é seu amigo desde o tempo de jardim escola e seu colega de turma até ao final do liceu. Ao nosso jornal lembra as “coboiadas” que fizeram no liceu, onde tinham o importante estatuto de alunos fundadores.“Éramos os guerreiros da turma” diz Carlos Carvalheiro. Uma turma diferente. Ainda hoje, grande parte daqueles alunos se junta em jantares de confraternização aos quais António Lourenço é raro faltar.O fato e a gravata são uma imposição profissional. Em Tomar as calças de ganga são a sua indumentária preferida, até porque assim passa despercebido. A discrição é das coisas que mais aprecia. “Ninguém sabe que é secretário de Estado quando anda pela cidade”, afirma outro amigo, Manuel Faria, vogal executivo da Região de Turismo dos Templários.É um homem que adora festas, qualquer tipo de festas. É desde sempre colaborador activo da Festa dos Tabuleiros e há quatro anos marchou no cortejo trajado a rigor. Nos preparativos da festa deste ano adoptou uma atitude de colaboração igual à das épocas anteriores, apesar do cargo que ocupa. A imagem de marca de António Lourenço é o seu ar negligé, dado pela barba de três dias. Assim, sempre que passeia pela sua cidade, pode ser confundido com qualquer trabalhador indiferenciado...Miguel Relvas é o porta-estandarte dos “três mosqueteiros” de Tomar. Poucos serão os habitantes do concelho que não o conhecem. É também o que mais bagagem política tem, quer de âmbito nacional, quer ao nível local.Curiosamente Miguel Relvas não nasceu em Tomar, é alfacinha de gema e viajou até Angola com apenas três meses de idade. Adoptou a cidade como sua quando, após o 25 de Abril de 1974, veio estudar para o Colégio Nuno Álvares, onde durante oito anos esteve como aluno interno. E, ao contrário de muitos outros alunos, nunca protagonizou nenhuma fuga da instituição.Não larga o fato e a gravata, e o telemóvel é para si a melhor invenção dos tempos modernos. Gosta de bons carros e grandes velocidades, da comida regional portuguesa e de bom vinho, seja de que casta for.Simpático, extrovertido, acutilante, tem o dom da palavra e resposta sempre na ponta da língua. O tabaco é o seu vício “confessável” mas há outros mais secretos, segundo os amigos. Adora viagens e o país de eleição é o Brasil. “Se pudesse exercer o seu cargo a partir do Rio de Janeiro não pensava duas vezes”, dizem.Margarida CabeleiraPercursos diferentes para chegar ao poderMiguel Relvas é, de longe, o mais conhecido dos três secretários de Estado. Apesar de não ter nascido em Tomar teve desde sempre uma atitude pró-activa na comunidade. Foi presidente da Região de Turismo dos Templários e é actualmente presidente da Assembleia Municipal.Pode dizer-se que o actual secretário de Estado da Administração Local é laranja desde o berço. Aos 26 anos era já secretário geral da Juventude Social-Democrata e nunca mais largou a cadeira do poder. Mas António Lourenço dos Santos também não é um novato nestas andanças. Logo após a licenciatura em Gestão e Administração de Empresas entrou para o mundo político activo. O facto de ser mestre em Economia e Gestão Internacional Agro-Alimentar levou-o a participar activamente em questões do âmbito da Comissão Europeia. O trampolim para secretário de Estado foi dado depois de ter assessorado, de 1986 a 1988, o então secretário de Estado do Desenvolvimento Agrário. Durante três anos (92/95) foi ainda adjunto do ministro da Agricultura Arlindo Cunha, tendo a responsabilidade dos assuntos europeus. Entre os vários cargos que ocupou destaque para o de conselheiro na delegação de Portugal junto da OCDE para os assuntos de agricultura, ambiente e desenvolvimento territorial. Hoje é responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros e Cooperação. Franquelim Garcia Alves é o “outsider” do trio. Ao contrário dos outros dois nunca teve até agora qualquer ligação ao Poder. O seu sector sempre foi o privado – foi director financeiro do BPA e do grupo Jerónimo Martins, administrador do grupo Lusomundo e da PT Multimedia e deu uma “perninha” na bolsa, enquanto director de corporate finance numa corretora.Durão Barroso convidou Franquelim Alves pela competência demonstrada desde sempre no sector financeiro, onde se sente como peixe na água. Mas não deve ter esquecido também que, em tempos, ambos chegaram a pertencer ao mesmo partido, o saudoso MRPP...

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