uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Durante o espectáculo, os espectadores são convidados a seguir uma personagem

Atrás de T de Lempicka pelo Claustro dos Corvos

Fatias de Cá regressa ao Convento de Cristo em Tomar

T de Lempicka regressou ao Convento de Cristo ,em Tomar. A peça, representada pelo grupo Fatias de Cá, estreou há cinco anos e enquadra-se no tipo de trabalho desenvolvido por aquela companhia. Os espectadores seguem os artistas pelo Claustro dos Corvos, para não perderem pitada da história de sedução passada em 1927.

Janeiro de 1927. Itália. Na mansão do comandante Gabriele d’Annunzio, um sedutor poeta e patriota italiano, aprontam-se os preparativos para a chegada da pintora Tamara de Lempicka.A promissora artista é uma expatriada polaca e aristocrata que se instala na casa para pintar um retrato do herói. Mas “Il Comandante” está mais interessado nos jogos de sedução do que na obra de arte.A ideia da chegada de tão ilustre visita não agrada a todos os habitantes da casa e provoca resultados verdadeiramente explosivos.O público de T de Lempicka, uma peça de Jonh Kriznc, encenada pelo grupo Fatias de Cá, é convidado a seguir fisicamente uma das dez personagens pelos recantos do Claustro dos Corvos do Convento de Cristo, em Tomar.Depois de validar o passaporte que dá acesso à casa, os visitantes mantêm-se controlados pelo olhar implacável de Finzi, ex-subsecretário de Estado de Mussolini, o líder fascista italiano, que explica as regras da casa com a ajuda do simpático mordomo italiano Dante Fenzo.Cabe ao público escolher o enredo que quer seguir. Não há um caminho definido. Todas as escolhas são permitidas. Só é proibido deixar uma cena a meio.Cada espectador escolhe um protagonista para a sua peça. Os grupos de amigos são convidados a separar-se para multiplicar as fontes de informação.Luisa Baccara, pianista, antiga paixão de “Il Comandante”, amante da liberdade e desiludida com os homens, é uma das protagonistas possíveis. Nos seus aposentos, no piso superior, carrega uma arma sob o olhar atento do público invisível.No silêncio do claustro a personagem irrompe por um dos corredores seguida pelos fiéis espectadores que sobem e descem escadas, percorrendo silenciosa e apressadamente os corredores e salas de “Il Vittoriale”.Para facilitar a compreensão da peça o público é aconselhado a acompanhar apenas um dos actores. Mas não é proibido “trair” a personagem. Podem escutar-se as conspirações dos criados na cozinha ou espreitar o que se passa no quarto quando Il Comandante está com Lempicka. Os acontecimentos decorrem como na vida real, chegando a coincidir oito cenas em simultâneo.A casa “Il Vittoriale degli italian” é um antro de intrigas políticas e sexuais, onde nada nem ninguém é o que parece. A decoração é requintada, o vestuário das personagens sumptuoso e o ambiente faz o público “experimentar” uma Itália fascista dos anos 20 onde impera a violência e a intriga.E como assistir a um espectáculo pode gerar a vontade de regressar, as visitas repetidas à casa “Il Vittoriale” sofrem uma redução de preço (25 euros na primeira, 20 na segunda e 15 na terceira vez). O preço inclui um prato tipicamente italiano no intervalo e sobremesa no final.Para o encenador Carlos Carvalheiro voltar a ver o espectáculo depende do “entusiasmo” com que o espectador se liga à trama. “A escolha significa ao mesmo tempo perder alguma coisa”, explica Carlos Carvalheiro, lembrando que os mais curiosos querem conhecer as cenas que escaparam à primeira.O espectáculo, que exige a interacção do público, pode ser visto no Convento de Cristo, em Tomar, aos sábados até 7 de Junho. Regressa novamente em Setembro ao mesmo espaço, onde estreou há cinco anos.Ana Santiago
Durante o espectáculo, os espectadores são convidados a seguir uma personagem

Mais Notícias

    A carregar...