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Veiga Maltez diz que a transferência do espólio virá salvar o museu

Museu Martins Correia sai da cadeia

Câmara da Golegã defende obras de arte

A câmara da Golegã está a transferir o Museu Martins Correia, instalado desde a sua inauguração, há 21 anos, no antigo edifício da cadeia, para o complexo Equuspolis a inaugurar dia 10 de Maio, no decorrer da expoégua. A intenção é salvaguardar as obras de arte, ciclicamente danificadas por infiltrações de água. As cinzas do escultor, vão permanecer, à entrada do antigo edifício, como foi seu desejo.

A Câmara Municipal da Golegã está a transferir o espólio do pintor e escultor Martins Correia do museu municipal para o complexo Equuspolis, a inaugurar em Maio, uma medida que a família, embora com tristeza, compreende.O presidente da autarquia, José Veiga Maltez, disse à Agência Lusa que a transferência do espólio doado por Martins Correia ao município, decidida em reunião camarária, visa “salvar o museu Martins Correia”.Instalado desde 1982 num edifício seiscentista (que foi cadeia e posto de telégrafo e postal), que há uns anos sofreu algumas obras, sobretudo ao nível da cobertura, o museu apresenta problemas que, segundo Veiga Maltez, são de difícil resolução.A filha do mestre escultor, Elsa Martins Correia Ribeiro, disse à Lusa que é com muita pena e tristeza que vê sair deste edifício o vasto espólio deixado por seu pai à sua terra natal, mas sublinhou compreender as razões da autarquia.Recordando que esta foi uma das “grandes doações” feitas em Portugal - são 600 peças, entre esculturas, pinturas e desenhos -, a filha de Martins Correia lembra que as cinzas de seu pai foram depositadas junto da sua obra como foi seu desejo.Veiga Maltez adiantou que, para já, as cinzas de Martins Correia se vão manter onde estão, Debaixo de uma laje à entrada do actual Museu, deixando aos visitantes “dois pontos de encontro” com o mestre.Segundo disse, a autarquia decidiu não precipitar uma decisão, pelo que a questão será posteriormente analisada em reunião de Câmara.“A nossa preocupação é salvar a obra, com a garantia de que não vamos trair ninguém”, disse, convidando quem duvida a visitar o novo Museu Municipal Martins Correia, instalado no primeiro andar do complexo Equuspolis, um edifício em silhueta de cavalo (homenagem à “capital do cavalo”) que acolherá iniciativas lúdicas, culturais e pedagógicas.Assegurando que no Equuspolis o espólio de Martins Correia terá “condições fabulosas”, não só para preservação das peças como para a sua exposição e leitura, o autarca sublinha que o anterior museu era “estático, um depósito de materiais”.Veiga Maltez disse ainda ser intenção reabilitar e manter o edifício seiscentista, que é propriedade da autarquia, como público, embora ainda não tenha um destino definido.Contudo, frisou, a sua manutenção como museu era impensável, pelas variações de temperatura, pelos problemas de salitre nas paredes e pela incapacidade da instalação eléctrica, factores que estavam a degradar as obras de arte.Sublinhando que as peças estão já a ser conservadas por técnicos de conservação e restauro, Veiga Maltez garantiu que a transferência para o Equuspolis vai “honrar a memória do mestre Martins Correia”.O MIRANTE/LusaEquuspolis liga passado ao futuroA inauguração do edifício Equuspolis, agendada para 10 de Maio, é a grande novidade da VI ExpoÉgua, sendo praticamente certa a presença do novo ministro das Cidades no evento.O Equuspolis foi uma obra construída ao abrigo do Programa Valtejo e custou (edifício mais zona envolvente) 1,75 milhões de euros (350 mil contos), dos quais apenas 10 por cento foram custeados pela autarquia. Com uma área bruta de 1600 metros quadrados, o Equuspolis é composto por três pisos, sendo o primeiro andar quase totalmente ocupado pelo Museu Municipal Martins Correia, com mais de meio milhar de obras expostas naquele espaço. Nesse mesmo piso funcionará ainda um fórum e o Espaço Internet. O segundo piso foi reservado para os gabinetes da divisão de intervenção social, ateliers e bar.Mas é no piso situado ao nível da entrada que a câmara mais aposta em termos de inovação. Além da existência de um auditório tecnologicamente bem apetrechado, com capacidade para 70 lugares, da recepção e da galeria municipal de arte, a “joia da coroa” do presidente da Câmara, Veiga Maltez, é mesmo a sala temática sobre o cavalo, denominada Equus virtual.Desengane-se quem está a pensar encontrar naquele espaço um traje típico ou um cavalo embalsado. Naquela sala haverá movimento constante, dado pela apresentação de um video, a três dimensões (os óculos são fornecidos aos visitantes à entrada). O objectivo é dar a conhecer ao visitante, de uma forma interactiva, a evolução do cavalo desde a pré-história até aos nosso dias, uma evolução que se vai também ela própria enquadrando com a evolução da Golegã e das suas gentes e das principais actividades predominantes na zona.O espaço exterior envolvente, que também foi objecto de requalificação no âmbito do Vale Tejo, parece a zona ribeirinha da Expo, embora de menores dimensões. O designado Jardim Equuspolis e Parque da Juventude tem uma área de dois hectares junto à lagoa de Alverca e estabelece uma ligação harmoniosa entre o edifício, que tem a silhueta de um cavalo, como não podia deixar de ser, e o espelho de água proporcionado pela lago.Entusiasmado com a obra, o presidente da câmara considera que o espaço liga o passado, presente e futuro do concelho e já lhe chama o centro George Pompidou português. Em miniatura, claro.
Veiga Maltez diz que a transferência do espólio virá salvar o museu

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