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Os tabuleiros sairam de Tomar em 1998 para ir à Expo

Cinco quilómetros com trinta quilos à cabeça

O percurso da Festa dos Tabuleiros, em Tomar

O cortejo dos Tabuleiros é a cerimónia mais importante da festa com o mesmo nome que de quatro em quatro anos traz centenas de milhares de visitantes a Tomar. O percurso deste ano foi dado a conhecer à Imprensa na sexta-feira da semana passada. Mas os jornalistas não o fizeram a pé com um tabuleiro de trinta quilos à cabeça como o vão fazer, no dia 6 de Julho, as setecentas mulheres que nele participam.

São cinco quilómetros, a subir e a descer, entre estreitas ruelas e largas avenidas. Cinco quilómetros calcorreados a meio da tarde do próximo dia 6 de Julho. Cinco mil passadas largas feitas com um sorriso nos lábios e 30 quilos à cabeça pelas centenas de raparigas que carregam os tabuleiros da mais famosa festa de Tomar.Às 16 horas em ponto do primeiro domingo de Julho cerca de 700 mulheres de todas as idades, içam os tabuleiros vindos de todas as freguesias do concelho. Em passo de passeio saem da Mata dos Sete Montes (a entrada da cidade pela EN 349 que liga Tomar a Torres Novas) e dirigem-se para a Praça da República, passando pela avenida Cândido Madureira, dando a volta à nova rotunda “cibernética” e subindo a calçada da rua Serpa Pinto, mais conhecida por Corredoura.É um cortejo com quase dois mil figurantes. A abrir, bem na frente, o fogueteiro, os gaiteiros e tamborileiros. Logo a seguir, o pendão do Espírito Santo e as três Coroas. Depois vêm os pendões e as coroas das 16 freguesias. Só então aparecem os tabuleiros, transportados à cabeça pelas raparigas, acompanhadas pelos seus pares. De permeio, os aguadeiros ajudam a matar a sede, trazendo à mão ou ao ombro os potes de barro cheio do precioso líquido. As bandas de música são colocadas a espaços ao longo de todo o cortejo, que fecha com os carros do pão, da carne e do vinho.A primeira paragem para descansar é feita na Praça da República. É também aqui que o Bispo da Diocese de Santarém, Dom António Pelino Domingues, benze os pães.Ao terceiro toque do sino da Igreja de São João Baptista os cerca de 700 tabuleiros erguem-se ao mesmo tempo, com o cortejo a retomar a sua marcha pelas ruas da cidade. As varandas e as janelas “veneram” o cortejo com as suas mantas de inúmeras cores.Depois de dar uma volta à Praça da República, cumprimentando as entidades oficiais que estarão sentadas em frente ao edifício dos Paços do Concelho, o cortejo passa novamente na Corredoura, agora em sentido descendente, atravessa a ponte velha num primeiro contacto com o Rio Nabão e sobe a Alameda 1 de Março.Ao cimo, corta à esquerda para a Avenida Angela Tamagnini até à rotunda do Bonjardim, entra na rua Miguel Ferreira até à praceta Raul Lopes, em frente ao Colégio Nuno Álvares Pereira. Depois de passar em frente à Biblioteca Municipal (rua Manuel de Matos) inflecte para a direita, descendo a avenida Norton de Matos e desembocando novamente na rotunda da fonte cibernética.Aí, já em piso novamente plano, passa pela Levada e inicia o trajecto novamente lado a lado com o Nabão, junto ao jardim. Chegado à rotunda que segue para a rua de Leiria, corta à esquerda para a rua Silva Magalhães, atravessa novamente a Praça da República, segue pela rua Infantaria 15 e desemboca na Várzea Grande, junto às estações de caminhos de ferro e da rodoviária.Cumprido o percurso, o cortejo dos tabuleiros regressa ao local de partida, a Mata dos Sete Montes, onde os tabuleiros passam a noite. No dia seguinte o pão, aquele que calcorreou cinco quilómetros trespassado por finas varas de madeira, será dado aos pobres.E se as cerca de 800 mil pessoas que se esperam naquele dia em Tomar não arredarão pé durante horas, perto de dois milhares correrão a cidade de uma ponta à outra. Com o cansaço estampado no rosto, de pernas doridas e de sorriso nos lábios. Só assim a missão terá sido cumprida.Margarida Cabeleira
Os tabuleiros sairam de Tomar em 1998 para ir à Expo

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