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Um esgoto no quintal

Morador do Outeirinho, Santarém, desesperado

Uma parte significativa dos dejectos transportados pela rede de esgotos do Outeirinho, na periferia de Santarém, desagua no quintal de um particular. A situação arrasta-se há anos e Fernando Oliveira desespera. Técnicos da câmara municipal visitam o local com regularidade, mas ainda não deitaram mãos à obra. O vice-presidente da autarquia, Manuel Afonso, diz que o problema está a ser “analisado”.

Um defeito na construção da rede pública de esgotos na zona do Outeirinho, periferia de Santarém, está a tornar a vida de um morador num inferno. O quintal de Fernando de Oliveira, na Rua Casais de Alagoa, serve de descarga para os dejectos domésticos da zona. O cheiro é insuportável e o terreno, situado ao lado da habitação, não pode ser utilizado para nada.A rede de esgotos da zona foi construída há cerca de 10 anos, acabando com as fossas que existiam em cada casa. Fernando Oliveira ficou contente por já não ter que limpar a fossa e calculou que a sua qualidade de vida melhorasse. Mas tudo não passou de uma ilusão, já que de há cinco anos a esta parte passou a ter um esgoto a céu aberto no quintal. “Isto é uma imundice. Não se consegue viver aqui”, desabafa. O problema está numa caixa de recepção de esgotos que Fernando Oliveira teve que construir para ligar a sua habitação ao colector geral. “Como a profundidade a que está a conduta pública é pouca, os detritos das outras habitações ali lançados, recuam para a minha caixa e esta transborda”, explica.Cansado de ter o quintal inundado de água mal cheirosa, dejectos, papel higiénico e todo o tipo de lixo, Fernando de Oliveira já teve que inventar uma solução de recurso. Ligou uma mangueira na caixa de recepção para que os esgotos sejam encaminhados para uma extremidade do terreno. No entanto, sobretudo durante o Inverno, a canalização artesanal não tem capacidade de drenagem e toda a “porcaria” circula pelo quintal. “Já tive que deixar de cultivar o terreno. Tinha uma laranjeira que morreu e agora estou com medo que, por causa disto, o poço fique contaminado”, conta, acrescentando que quase todas as semanas os técnicos da Câmara de Santarém vão ao local. “Só que isto não resolve só por eles cá virem. É necessário fazer uma intervenção na conduta principal”, sublinha. Na zona do Outeirinho têm vindo a surgir novas habitações, pelo que o queixoso teme que a situação piore se não forem tomadas medidas urgentes. “Qualquer dia não se consegue viver aqui. Os vizinhos às vezes dizem-me que o cheirete não se pode suportar”, desabafa.O vice-presidente da Câmara de Santarém confirma a situação. Segundo Manuel Afonso (PS), “o declive dos terrenos naquela zona não é suficiente para fazer o escoamento”. Desta forma a situação só pode ser resolvida com uma intervenção que corrija a profundidade e inclinação das condutas de esgotos. Obras que, segundo o autarca, estão a ser analisadas pela autarquia. Manuel Afonso acrescenta ainda que a má utilização dos esgotos por parte das pessoas também tem influência na situação. “Frequentemente as condutas ficam entupidas devido a diversos objectos que são lançados para o esgoto”, explicou, alertando para a necessidade de não lançar, por exemplo, nas sanitas “coisas que possam provocar entupimentos”.

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