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“Um imposto encapotado”

Taxistas contra pagamento especial por conta manifestaram-se em Santarém

Taxistas do distrito de Santarém concentraram-se junto à Direcção de Finanças para protestar contra o aumento do pagamento especial por conta. Foi um primeiro aviso dos profissionais daquele ramos. Se o governo não alterar a situação, o próximo protesto juntará dia 10, em Lisboa, milhares de taxis de todo o país.

Ao som de música popular portuguesa, cerca de meia centena de taxistas de vários pontos do distrito concentrou-se na manhã de sexta-feira junto à Direcção de Finanças de Santarém, para protestar contra o pagamento especial por conta de 1250 contos anuais a que serão obrigados pelo Governo. A manifestação foi pacífica e contou com a presença da polícia apenas para orientar o tráfego que se ia acumulando na zona.“Para os industriais de táxi este pagamento especial por conta é mais um imposto encapotado que a senhora ministra das Finanças não quer considerar como tal”, denunciou Alfredo Trindade, porta-voz dos taxistas, minutos após ter dado conta das preocupações ao director distrital de Finanças, Buinhas Marques, por quem um grupo de industriais foi recebido. Até aqui, faziam-se pagamentos por conta para as Finanças, mas no fim do ano havia um acerto de contas. “Se tivéssemos a receber recebíamos, se não tivéssemos a receber não recebíamos”, declara Alfredo Trindade. Mas entretanto as regras mudaram: “Agora pagamos a quantia de 1250 euros (250 contos) por ano e depois, se quisermos reaver esse dinheiro, se tivermos direito a ele, temos de ser nós a suportar uma inspecção à nossa contabilidade para o provar, o que é uma injustiça”.Além disso, diz a mesma fonte, se os taxistas tiverem direito a ser reembolsados, só verão a cor do dinheiro ao fim de dois anos. “O Governo está a governar-se com o dinheiro daqueles que precisam todos os dias de comer e de sustentar os carros - porque é dos carros que nós vivemos - e estamos dois anos à espera de um dinheiro que não sabemos se vamos receber ou não”.Os taxistas lembram que, para além dos impostos normais sobre o rendimento, pagam IVA na aquisição do carro, na compra de combustível, na manutenção e ainda são vítimas de “concorrência desleal” com o beneplácito de sucessivos governos. “Os bombeiros, as juntas de freguesia e associações privadas levam doentes para fisioterapia, para tirar radiografias, e para outras situações que podem perfeitamente ser transportados em qualquer viatura. Mas a lei não permite que sejam transportados num táxi”.A luta dos industriais do sector passa também pela alteração dessa lei de 2001. “Uma carrinha dos bombeiros ou de uma junta de freguesia, que não tem maca, não tem pensos, não tem oxigénio, pode agarrar em oito pessoas e levá-las. Nós, se tivermos uma carrinha idêntica, com as mesmas condições, não podemos fazer o transporte”, queixa-se Alfredo Trindade. E um colega, que assiste à conversa, reforça: “Essas ambulâncias levam oito pessoas e cobram oito serviços. Ainda por cima a um preço mais caro ao quilómetro que o praticado num táxi”.

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