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À procura de uma oportunidade

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Bruno Pavão ainda tem esperança de trabalhar como electricista

Bruno Pavão desiludiu-se cedo com o ensino regular. Desistiu a meio do oitavo ano e decidiu experimentar o curso de operador de electricidade de manutenção do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em Santarém. Pouco tempo depois de obter o diploma, a empresa onde estagiou fez-lhe uma proposta de trabalho. Durante cerca de um ano e meio não fez mais que entregas e assistência técnica a electrodomésticos. Há três meses surgiu-lhe uma melhor oportunidade de trabalho como vigilante e o jovem de 20 anos aceitou. E é lá que pretende continuar até encontrar uma oportunidade para exercer aquilo que aprendeu.

Bruno Mindelo Pavão frequentava o oitavo ano, estava farto da escola e preparava-se para chumbar. Foi então que a psicóloga da escola de Coruche que frequentava lhe falou num curso de electricidade.Desiludido com o ensino regular o jovem decidiu experimentar o curso profissional. Recuou um ano no seu percurso escolar e iniciou o curso de três anos, na Quinta do Mocho, na Zona Industrial de Santarém, que no final lhe deu equivalência ao novo ano. A sua formação como operador de electricidade de manutenção do Instituto de Emprego e Formação Profissional começou em Abril de 1999 e terminou em Abril de 2001.Mas na loja de electrodomésticos de Santarém que o acolheu durante o estágio nunca teve oportunidade de exercer verdadeiramente aquilo que aprendeu. “No curso fazíamos uma coisa e na empresa já era totalmente diferente. Acabava por ser uma contradição”, revela.Quando concluiu o curso, já de diploma na mão, ainda foi trabalhar para o grupo Sonae como repositor de material num hipermercado da cidade. Na altura a empresa onde estagiou não o pôde integrar nos seus quadros. Mas quatro meses depois o empresário foi bater-lhe à porta para que voltasse ao local do estágio. “Aceitei. Pensei que não aprendia nada se continuasse a arrumar produtos nas prateleiras”, afirma.Confessa que não sentiu qualquer dificuldade na entrada para o mundo de trabalho porque já sabia o esperava na empresa. O jovem de 20 anos, residente em Santarém, aceitou a proposta e trabalhou na loja de electrodomésticos desde Outubro de 2001 até Maio de 2003, altura em que rescindiu contrato de comum acordo com a entidade patronal.Durante cerca de um ano e meio o jovem não fez muito mais que ocupar-se das entregas e assistência técnica a electrodomésticos. Apesar do trabalho que fazia na empresa de electrodomésticos estar completamente desadequado daquilo que era o currículo do curso, Bruno considera que a experiência foi enriquecedora. “A passagem pela empresa foi muito boa. Aprendi bastante”.Enquanto trabalhou na loja de electrodomésticos frequentou um curso de direito das empresas e do trabalhador e de formação sobre atendimento e apoio à acção comercial dinamizados pela Associação Comercial de Santarém.Bruno Pavão não está arrependido de ter frequentado o curso. Considera que o enriqueceu pessoal e profissionalmente. “Foi bom em termos de maturidade”, reconhece, apesar de ter sentido na pele o desfasamento entre a formação e a realidade do mercado de trabalho.O curso incluiu o estudo de línguas estrangeiras e tinha uma forte componente prática. Bruno Pavão conclui a formação com média de 15 valores.Na prática simulada que o curso incluía aprenderam a fazer esquemas, montagens e instalações eléctricas. Conhecimentos que Bruno Pavão nunca pode aplicar porque no estabelecimento onde trabalhou apenas se vendiam electrodomésticos.Há três meses surgiu uma melhor oportunidade de trabalhar como vigilante, para uma empresa de segurança em Santarém, e Bruno Pavão não hesitou. Trabalha por turnos. Deixou de ter o horário certo das 9h00 às 19h00 a que estava habituado na loja de electrodomésticos. Com um tom de optimista salienta que há vantagens e desvantagens. Não põe de lado a hipótese de voltar à electricidade, mas assegura que é como vigilante que pretende continuar até que apareça a oportunidade de exercer o que aprendeu no curso de operador electricidade de manutenção. “Ser vigilante não é bem uma profissão. Se houver possibilidade de trabalhar na área da electricidade aproveito. Para melhor muda-se sempre”, garante.Ana Santiago
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