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Oportuno Manuel Serra D’Aire

Não sei se já reparaste no escarcéu que para aí vai por causa do tribunal administrativo que foi para Leiria em vez de ter como destino Santarém. Mais uma vez os políticos da câmara acordaram tarde e só começaram a fazer barulho perante o facto consumado e as notícias nos jornais. Até aí, apesar de ser público esse processo há alguns meses, ninguém piou. Como de costume, andaram a reboque das notícias.Aliás, vindo de Santarém já nada me admira. Basta ver os revezes que tem sofrido nos últimos anos. Não vai cheirar o Euro 2004; viu o Polis por um canudo quando este era anunciado em meio Portugal; o europeu de futebol sub-17 foi para Trás-os-Montes e Beira Alta; o mundial de andebol o mais perto que chegou foi a Rio Maior; e o conselho de ministros onde foi apresentado o pacote de descentralização foi o ano passado em Tomar. Resta-lhe os touros e as touradas e vá lá, vá lá...A má sina da ainda capital de distrito é tão grande que recentemente, quando se sentiu um tremor de terra no continente, acabou por ser omitida das notícias. Eu bem registei o estremecimento telúrico na minha cama, mas nas notícias das oito na rádio o que se dizia é que este se tinha sentido em Lisboa, no Alentejo e no Algarve. Santarém mais uma vez de fora, graças ao editor de um noticiário.Isto é uma cabala, meu caro. E nem a empresa de comunicação e imagem contratada pelo presidente da Câmara de Santarém para promover a imagem do município além-fronteiras consegue dar volta à coisa e devolver protagonismo à cidade, mesmo que seja graças a um tremor de terra. Afinal de contas, o que temos nós a menos que o Alentejo, com excepção dos chaparros? Não seria esta uma oportunidade de ouro para lançar o slogan “Santarém, capital sísmica”?Na mesma onda de questões: que dizes tu à moda que pegou há alguns tempos e que é mais uma mostra típica da cagança à portuguesa? Não sei se já reparaste, mas a maior parte dos presidentes de câmara (e não só) gosta de acrescentar ao nome, nos editais e outros anúncios, o seu título académico. Assim do género Manuel da Jacinta (dr.), ou António da Flausina (engº.). Dá um staile do caraças! Simplesmente espectacular! Faço ideia o impacto que uma mera informação desse calibre, mesmo que dada modestamente num papel timbrado, pode ter perante o eleitorado, que certamente ficará esmagado perante a dimensão intelectual de quem lhe governa os destinos. Isto sim, é pensar grande, é promover a terra e a região. Por acaso não aumenta a auto-estima de uma população se esta souber que é governada por um doutor, porra??Eu a partir de agora vou passar a colocar nos meus cartões Serafim das Neves (industrial). Não interessa se sou só um mero taxista em part-time, como no último e-mail te informei. O pessoal não tem nada que saber mais. Se neste país qualquer licenciado é doutor, porque é que não me hei-de equiparar ao Champallimaud?Razão tinha o treinador de futebol Bobby Robson, quando manifestou a sua estranheza por em Portugal todos os treinadores de futebol serem intitulados como professores. Como o professor Neca, por exemplo. Dizia ele que na Inglaterra só era tratado por professor quem tinha um doutoramento. Por cá, já diz o velho ditado que um doutor é um burro carregado de livros. E olha que a voz popular sabe bem do que fala...Um bacalhau do Serafim das Neves

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