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Veraneante Manuel Serra D’Aire

Continuas danado para a brincadeira. Agora vens-me falar do mais recente aspirante ao Nobel da Literatura, nem mais nem menos que o ex-futebolista Jorge Cadete, que por acaso é afilhado de casamento do nosso amigo Sousa Cintra. Esse mesmo, que produz aquela boa cervejinha em Santarém. Só por isso, o rapaz já merece o nosso benefício da dúvida. E estou certo que o seu livro de memórias pode ser um best seller, desde que tenha capa verde alface ou rosa choque, pois há muita gente que compra livros com lombadas para combinar com os cortinados, com os candeeiros da sala ou com o biquini. Sim, porque levar um livro para a praia é um must nos tempos que correm. Mesmo que seja só para colocar como adereço em cima da toalha. Eu pela minha parte é o que faço, confesso, porque não há tempo para grandes leituras quando os olhos já são poucos para conseguir não perder um só dos exemplares que graciosamente exibem os seus dotes físicos cobertos por peçazinhas de roupa que, mais do que tapar, deixam adivinhar um mundo de perdição. Ou o paraíso, porque essa história de prados verdes cheios de gente vestida de túnicas brancas com ar desenxabido é coisa que não me cheira... O paraíso celestial tem de estar cheio de gajas boas e atiradiças, mas que falem pouco, de mesas de lerpa e de poker, de garrafeiras bem recheadas, de bons petiscos e, sobretudo, não pode ter políticos, vendedores, dirigentes desportivos e gente dessa laia. Se Deus existe deve ter pensado nisso, sabendo nós que Ele só quer o nosso bem. E melhor do que isso não pode haver. É por isso que tenho fé e espero não ser defraudado quando chegar a minha hora. Senão, mais vale ir para o Inferno.Por falar em Inferno, vem-me à memória os fogos e as múltiplas campanhas de solidariedade que por aí se organizaram. Acho muito bem que se ajude quem precisa, mas, Manel, conhecendo bem os sacristas dos portugueses, ninguém me convence que não anda aí muito boa gente a abarbatar-se à conta da boa vontade alheia. Vale uma aposta?Há grandes negócios, camarada. Como o dos pedintes. Um destes dias, passeava de manhã em Santarém e deparei com uma ceguinha, sentada num banco perto dos correios, a pedir. Passadas duas ou três horas voltei a lá passar e já lá estava um homem igualmente invisual. Ou pelo menos parecia. É óbvio que se trata de uma rede que explora gente deficiente, que já transporta consigo a desdita de não poder ver a cor do céu nem apreciar os decotes e mini-saias que por aí andam e ainda tem de se sujeitar à gula de uns quantos manhosos. Aquilo não tem nada que saber. Põem os pedintes num sítio umas horas, depois trocam-nos por outros e por aí fora. Uma rede bem montada. Hoje estão em Santarém, amanhã em Tomar, assim vão correndo o país e engordando a conta de um qualquer galifão que se lambuza por euros. Que grandes coirões que por aí andam! E depois admiram-se por ver tanto Ferraris e Porsches nas estradas. Espero que para esses Deus não tenha contemplações. Inferno com eles e que vão enganar o Diabo ou vendedores de enciclopédias, se forem capazes.Quem também não consegue enganar ninguém é o ministro da Saúde. Afinal, diz o homem, pelos dados que tem só morreram quatro pessoas devido ao calor do Agosto escaldante. Ele é que devia ter estado internado numa enfermaria com temperaturas acima dos quarenta graus, para ver se gostava... Só faltou mesmo vir dizer que a maioria das mortes se deveu ao consumo exagerado de cerveja, a intoxicações causadas por marisco estragado ou por causa da tensão alta causada pelo sal do mar.Como não tenho aspirações a escritor, páro por aqui, antes que isto pareça um livro. Saudações do Serafim das Neves

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