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Água do Luso suspeita de uso fraudulento da marca

Centenas de pessoas recolhem grandes quantidades de água de fonte municipal

A Sociedade das Águas do Luso suspeita de uso fraudulento da sua marca, devido à desmesurada procura de água numa fonte da localidade que dá o nome à empresa. Júlio Penetra, director de recursos humanos e gestor desta empresa que alia a recolha e comercialização da água de mesa à exploração hoteleira e termal, fundamentou a dúvida no facto de centenas de pessoas, algumas com dezenas de garrafões, recolherem ciclicamente grandes quantidades de água da fonte municipal de S. João, no Luso, Mealhada.

Segundo o gestor, alguns restaurantes poderão comercializar essa água como genuína água da marca, recorrendo a garrafas e garrafões vazios com o rótulo “Luso”. No entanto, a empresa escusou-se a revelar se alguma investigação comprovou a suspeita e, nesse caso, se e como agiu.Brotando de uma nascente de águas superficiais, a água da fonte de S. João não tem composição analítica que a permita caracterizar como água de mesa, nem está sujeita ao mesmo tipo de controlos laboratoriais. “Um consumidor habitual da marca Água do Luso nota a diferença, outros não o conseguirão”, observou Júlio Penetra.A Sociedade das Águas do Luso recolhe a água para comercialização numa captação profunda, que debita 40 mil litros/hora e que lhe permite colocar no mercado 200 milhões de litros/ano. Por seu turno, a fonte de S. João apoia-se numa captação de superfície que debita 130 a 200 mil litros por hora.Nesta fonte, dotada com 11 bicas, assiste-se, há cerca de dois anos, a uma autêntica “romaria” de pessoas que disputam entre si, por vezes de forma feroz, o direito a encher dezenas e dezenas de garrafões. “As bicas são muitas, mas os forasteiros carregados de garrafões são às centenas e os desentendimentos são frequentes”, disse à agência Lusa Raúl Aguiar, membro da assembleia de freguesia local.A “guerra do garrafão”, mais notada aos domingos, chegou a provocar discussões e cenas de pancadaria que se atenuaram quando a Câmara da Mealhada adaptou duas das onze bicas, de forma a que apenas pudessem ser usadas para encher copos e outras vasilhas de menor dimensão.“Agora, quem quiser encher um copo para saciar a sede ou uma pequena garrafa, já o pode fazer sem se sujeitar a ficar longo tempo e intermináveis filas dos homens dos garrafões”, disse Raúl Aguiar.No entanto, Júlio Penetra, que alia as suas funções na empresa de águas à condição de membro da Assembleia Municipal da Mealhada, disse que a “romaria” continua, “às vezes até à noite”, e afiança que já viu uma pessoa colocar quatro dezenas de garrafões junto à fonte, à espera de vez para os encher.“A situação é de tal ordem que as pessoas para passarem na Avenida Emídio Navarro [onde se situa a fonte] têm de ziguezaguear por vezes entre garrafões”, garantiu. O desagrado levou mesmo um cibernauta local a colocar na internet um texto manifestando desagrado quanto aos forasteiros “vêm fazer lixo para o Luso, provocam grande confusão no trânsito e acabam com os lugares de estacionamento”.Recusando subscrever este comentário, por considerar que o Luso é uma localidade “que vive dos visitantes”, Júlio Penetra defende, contudo, a necessidade de alguma disciplina.Na linha de actuação por si preconizada, o gestor e autarca enquadra um plano de pormenor para o Luso que vai interditar a circulação na zona e remeter o estacionamento para uma distância de 500 metros “de onde não será tão fácil transportar dezenas de garrafões”.O plano, gizado pelo arquitecto Sidónio Pardal, foi aprovado em recente sessão do executivo municipal da Mealhada e caracteriza-se por privilegiar a circulação pedonal no Luso e travar o estacionamento caótico.Fonte do gabinete da presidência da Câmara da Mealhada esclareceu que com este plano se pretende “criar um centro urbano desafogado, corredores de circulação maioritariamente pedonais, novos lugares para parqueamento automóvel e zonas para implantação de novos serviços”.“Assim terão de deixar os carros longe e já não carregarão tantos garrafões. Pode ser que a +guerra+ acabe de vez”, comentou o deputado de freguesia Raúl Aguiar.Lusa

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