Luís Correia venceu com larga vantagem a primeira prova sénior realizada na nova pista de motocross do Moçarria Aventura Clube, que foi inaugurada no domingo naquela localidade do concelho de Santarém. O jovem piloto, que nasceu e vive na Moçarria, dominou desde os treinos livres e aproveitou alguma falta de concorrência para dar um verdadeiro espectáculo aos cerca de dois milhares de espectadores que se espalharam ao longo da pista.A cada salto que fazia, sobretudo nas zonas de maior concentração de público, Luís Correia incluía quase sempre um adorno no ar, inclinando a mota, virando as rodas, ou levantando os pés, gestos muito apreciados pelo público que não lhe regateou aplausos. “Como não houve grande réplica da parte dos meus adversários preocupei-me mais em dar um espectáculo bonito que as pessoas gostassem. Brinquei com o público e acho que foi muito giro”, confessou o piloto.Há muitos anos que o jovem esperava esta oportunidade de correr na sua terra e o sentimento era recíproco porque a maior parte dos espectadores estava ali com a expectativa de o verem correr e vencer a prova. Luís Correia já tinha participado em provas da pista velha, encerrada em 1997, mas ai corria ainda nas mini-motos. “Agora as pessoas já não me vêem como aquele miúdo engraçado que vai em cima da mota”, diz o jovem piloto, consciente da responsabilidade. Sobre a nova pista da Moçarria, que ele próprio ajudou a construir, Luís Correia diz que tem um traçado que aprecia muito. “Tem obstáculos diferentes e zonas como não há em Portugal, com subidas e descidas muito inclinadas. Mas todos gostaram e disseram que adoraram”, completou.Referindo-se à enorme e acentuadíssima descida existente a meio do percurso, onde impressionou com a velocidade louca a que descia, Luís Correia afirma que não é assim tão difícil “É uma questão de hábito e não é nada do outro mundo”, diz com um sorriso…Na classificação final da competição, aberta às motas de 125cc e 250 cc, que, por não contar para o campeonato nacional, não contou com alguns dos melhores pilotos nacionais, Luís Correia superiorizou-se a Vasco Martins (2º), Tomás Salgado (3º), Pedro Fernandes (4º) e Jorge Viegas (5º).Luís Correia vai participar no Campeonato da Europa de Supercross sem apoios oficiaisAs dificuldades de um campeãoDepois da vitória na “sua” prova, Luís Correia participa este fim-de-semana numa corrida nos Açores e no fim-de-semana, seguinte, estreia-se no Campeonato Europeu de Supercross, onde estarão presentes apenas alguns dos melhores pilotos da Europa desta modalidade.No entanto, esta presença está recheada de dificuldades. Sem apoios oficiais e contando apenas com a ajuda da família e da equipa, Luís Correia não tem sequer garantida a presença em todas as provas do campeonato, tudo dependendo dos resultados que conseguir. As provas são todas muito distantes – a primeira realiza-se nos dias 3 e 4 de Outubro, na cidade Francesa de Nice, seguindo-se Grenoble, a 14 e 15 de Novembro, Barcelona, a 23 de Novembro, Lyon, a 28 e 29 de Novembro e, para finalizar, Geneve.“Vamos tentar fazê-las todas, mas as provas são muito dispendiosas e além das deslocações a mota tem de estar a cem por cento, se não, não vale a pena. Se fizer bons resultados nas primeiras provas, a família e a equipa vão fazer um esforço suplementar para que possa ir às provas seguintes, mas para já está tudo em aberto.O jovem escalabitano lamenta a falta de apoio das empresas da região e da própria Câmara de Santarém, de onde até hoje nunca recebeu sequer um fax de felicitação por se ter sagrado campeão nacional. “É um bocado triste porque este é um desporto que atrai tantas pessoas, mais que muitos jogos de futebol, e ninguém apoia os desportistas, mesmo quando eles conseguem bons resultados”.Analisando a época, que em termos nacionais está quase a terminar, Luís Correia faz um balanço positivo, apesar da fractura de uma clavícula, na segunda prova, o ter impedido de conquistar o título nacional de supercross. Ganhou todas as provas de motocross da sua categoria e sagrou-se campeão nacional. Em termos internacionais conseguiu um segundo melhor tempo nos treinos de uma prova em Espanha, embora a falta de experiência o tenha relegado para o 22º posto na classificação. Ainda no europeu, numa prova em Portugal, foi sexto da geral, um excelente resultado para este jovem de 17 anos, que luta quase sozinho por afirmar-se no motociclismo mundial.