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Vila Franca preserva memória

Museu Municipal foi inaugurado no sábado

As memórias de Vila Franca estão expostas no museu municipal inaugurado no sábado pelo ministro da Cultura. O palacete da rua da estação manteve a traça da fachada e no interior cruzou o passado com a modernidade.

Um palacete setecentista na Rua Serpa Pinto (rua da estação) foi adaptado para receber o Museu Municipal de Vila Franca. O espaço inaugurado no sábado, 27 de Setembro, pelo ministro da Cultura é um ponto de encontro com as memórias da cidade, da lezíria, do Tejo e das gentes de Vila Franca. O escritor Júlio Graça, o toureiro Mário Coelho, a viúva do embaixador Álvaro Guerra foram alguns dos convidados entre dezenas de dirigentes associativos, autarcas e anónimos que não quiseram perder a oportunidade de um primeiro olhar sobre o museu. “Está uma obra prima. Vila Franca não pode hipotecar o seu passado. Somos uma terra de tradições”, disse Arnaldo Roque, um dos primeiros visitantes. A recuperação do edifício demorou mais de um ano e meio e custou um milhão e 275 mil euros (255 mil contos), sendo financiada em 655 mil euros (131 mil contos) pela medida 1.2 do Programa Operacional de Cultura.O edifício onde funcionou o departamento municipal de acção sociocultural foi recuperado com base num projecto do arquitecto Cândido Gomes que preservou a fachada exterior e aproveitou ao máximo o interior. Após a recepção, entramos numa sala onde uma estrutura em forma de painel com a assinatura do pintor João Ribeiro faz a ligação entre o antigo e o moderno. Uma ligação que a direcção do museu pretende continuar a fazer. “Queremos saber quem somos de onde viemos e para onde vamos. Uma boa parte da crise que enfrentamos tem a ver com a perda sistemática das referências de memória”, disse a presidente da câmara no discurso da inauguração. Maria da Luz Rosinha agradeceu a todos os vilafranquenses que doaram contributos para enriquecer o espólio exposto no museu. Uma participação enaltecida pelo ministro da Cultura que num discurso longo sublinhou a importância das parcerias entre as autarquias, o Estado e os privados para valorizar os museus como espaços de cidadania.O Museu Municipal de Vila Franca apresenta dois pisos. No rés-do chão, existem duas galerias para exposições, um centro de documentação sobre a história local que pode ser consultado por qualquer visitante e uma oficina educativa destinada às escolas do concelho e a outras que se interessem pela história de Vila Franca. Uma escada em madeira com um corrimão metálico leva-nos ao primeiro andar onde está uma exposição permanente com o tema “Vila Franca, Tempos do Rio, Ecos da Terra” e uma colecção composta por postais antigos .Na inauguração, a presidente da câmara anunciou que este núcleo-sede é o ponto de partida para um projecto museológico mais amplo e ambicioso que irá incluir espaços dedicados às memórias industrial, agrícola e tauromáquica. O passo seguinte é a materialização do Museu do Neo-Realismo, cuja localização levantou alguma polémica, com Alhandra a reivindicar a sua posse.António Vidal foi o grande mentorMuseu nasceu há meio século O Museu de Vila Franca nasceu em 1951 pela mão do advogado António Vidal Baptista em colaboração com um dedicado funcionário municipal, Raúl de Carvalho, que quatro anos antes tinha aberto a biblioteca da vila. Ambos os espaços conviveram durante duas décadas num edifício do Largo da Câmara (Praça Afonso de Albuquerque) e com a fachada principal voltada para os Paços do Concelho. A biblioteca funcionou no primeiro andar e no piso superior as salas de exposição mostravam as memórias de Vila Franca. Em 1972, António Vidal faleceu e o projecto sentiu a sua perda. O museu arrastou-se e acabou por encerrar em 1980.Em 1983, a câmara retomou a actividade museológica e iniciou a promoção do inventário do património arqueológico e construído do concelho. Um passo importante que veio dar novo alento ao museu que reabriu ao público dois anos depois e já no edifício onde está agora o novo museu. O prédio foi partilhado com os serviços do Departamento de Cultura e Acção Social. Em 1995, os Serviços Técnicos da Divisão de Museus e Património instalaram-se no Palácio do Sobralinho onde foi guardado algum património que agora se encontra no novo museu municipal. Um espaço de preservação de memórias de Vila Franca.

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