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Branco sem saída

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Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo com dificuldades em escoar vinho

A Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo tem quatro milhões de litros de vinho branco armazenado e não sabe como lhe dar escoamento. Há quem esteja a abandonar a actividade e a viticultura na zona está comprometida.

O futuro da viticultura na freguesia de Benfica do Ribatejo, concelho de Almeirm, pode estar comprometido. Os receios são do presidente da Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo. João Carapinha garantiu que muitos agricultores estão a vender os terrenos com vinha e outros pura e simplesmente abandonaram a actividade. As causas principais são a falta de escoamento do vinho e a pouca rentabilidade do sector. “Está a haver uma tendência de abandono da vinha nesta zona”, desabafa o presidente da adega. Para João Carapinha os problemas começaram há meia dúzia de anos e têm vindo a agravar-se ultimamente devido à crescente preferência dos consumidores pelos vinhos tintos. “Estamos numa zona onde se produz essencialmente vinho branco. Onde existem castas de grande qualidade, como a Fernão Pires, só que não conseguimos introduzir o vinho no mercado”, reforçou. Segundo explicou, as quebras nas vendas actualmente situam-se na ordem dos 20 a 30 por cento. E a percentagem só não aumenta porque a adega tem vindo a fazer promoções nas vendas, baixando a tabela de preços em 10 por cento. Uma garrafa de vinho branco da adega custa cerca de 70 cêntimos, que mal dá para cobrir as despesas de produção e engarrafamento. “Com desconto acabamos por ter prejuízo, mas é a única maneira de fazer sair o vinho para o mercado”, justificou. Neste momento a cooperativa tem quatro milhões de litros de vinho branco armazenado. Algum que já transitou do ano passado. Uma situação que está a criar algumas dificuldades financeiras à adega e por consequência aos agricultores. “Ainda não conseguimos pagar aos produtores as uvas entregues na campanha de 2002. Vamos ver se no Natal conseguimos arranjar algum dinheiro”, sublinhou. Ao todo são 850 mil euros que faltam pagar aos 353 associados da adega. Cada quilo de uva entregue na adega é pago ao preço de 17 cêntimos. “Não é a este preço que o produtor consegue sobreviver. Mas também não podemos pagar mais porque isso ia fazer encarecer o vinho e então é que não conseguíamos vender nada”, esclareceu, realçando que existe uma grande disparidade de preços entre a adega e o consumidor. “Por vezes encontramos garrafas da adega nos restaurantes a custarem cinco vezes mais. Isso também inibe as pessoas de consumirem vinho”, criticou. Este panorama está também a afectar a modernização da adega cooperativa. Uma parte das instalações, que já têm 48 anos, começou a ter problemas graves de infiltração de água. João Carapinha estima que as obras devem custar no mínimo 200 mil euros. “O edifício vai-se deteriorando, mas não podemos fazer nada porque não temos dinheiro. Também não podemos apresentar projectos para obtenção de apoios financeiros, porque neste momento, devido à contenção, os organismos estatais não aceitam candidaturas”, salientou. Para João Carapinha o futuro não se apresenta nada risonho. Em seu entender a substituição das actuais vinhas de castas brancas por outras de castas tintas podia ser uma solução para atenuar a crise. Mas isso implica investimento e não há certeza de retorno a médio prazo. O presidente da Adega Cooperativa de Benfica do Ribatejo garante que se a situação não vier a mudar nos próximos anos, a viticultura pode acabar na freguesia.
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