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31 anos do jornal o Mirante

O jornal da Chamusca

João Calhaz*

Nascemos junto aos campos da Chamusca e fomos alargando a nossa área de acção até abalarmos decididos à conquista da capital de distrito, quando se achou que havia maturidade suficiente para percorrer essa etapa.

O MIRANTE nasceu há 16 anos na Chamusca como mensário destinado a esse concelho. Passos seguros e muito trabalho conferiram-lhe a dimensão actual. Quando entrei para o projecto, onde me iniciei nesta profissão, o jornal era quinzenário e já se expandia para concelhos limítrofes como Alpiarça, Entroncamento e Golegã.O salto definitivo estava guardado para esse ano de 1995, inesquecível para mim, em termos profissionais, por várias razões. Foi o ano do eclipse de Cavaco e da chegada ao poder, debaixo de uma expectativa que se viria a provar exagerada, de António Guterres. A campanha eleitoral para as legislativas de 1 de Outubro de 1995 obrigou-nos a trabalho redobrado. A ir a todas. Hoje com Helena Santo e Manuel Monteiro, amanhã com Fernando Nogueira e Miguel Relvas, no dia seguinte com Jorge Lacão e António Guterres, depois com Luísa Mesquita e Carlos Carvalhas. Outras vezes cobrindo acontecimentos de âmbito mais local. E ainda tínhamos de fazer o resto do jornal. Desporto, sociedade, cultura, sessões de câmara. Porque não podíamos dar aos nossos leitores só política. Porque cada vez mais comungo da ideia de que a política é realmente a arte de fazer os cidadãos desinteressarem-se das coisas importantes, como a educação e a saúde, por exemplo. Foi mais de um mês de lufa-lufa diário, sem fins de semana em casa nem serões no sofá. Hoje, quando folheio os jornais em arquivo e vejo o que fizeram três jornalistas nessa altura fico pasmado com a capacidade de trabalho e julgo-me incapaz de repetir a façanha.Esse Setembro de 1995 marcou também este projecto pela transferência da redacção da Chamusca para Santarém e pela passagem do jornal a semanário. Era preciso mostrar (ainda mais) serviço para penetrar num mercado onde já existia imprensa consolidada e de peso. Era necessário trabalhar o dobro da concorrência para chegar aonde queríamos – não sermos apenas o jornal da Chamusca, de Santarém ou do Entroncamento mas sermos a voz de uma região. Mais uma vez O MIRANTE optou por agir em contra-ciclo. Geralmente os jornais de alguma dimensão nascem nos grandes centros de decisão, nas terras com mais poder económico e massa crítica, e vão depois abrindo delegações em localidades mais pequenas à medida que a expansão do mercado o justifica.Connosco deu-se o inverso. Nascemos junto aos campos da Chamusca e fomos alargando a nossa área de acção até abalarmos decididos à conquista da capital de distrito, quando se achou que havia maturidade suficiente para percorrer essa etapa. Se o desafio fosse vencido, sabíamos que estava ganha a carta de alforria para quaisquer outros voos, como o da recente expansão para Vila Franca de Xira e Azambuja.Quando chegámos a Santarém, o nosso jornal era conhecido como “o jornal da Chamusca”. E assim o continuaram a tratar, de forma depreciativa, algumas penas que, em vez de cuidarem da própria casa, preferiram, e parecem continuar a preferir, olhar pela casa dos outros. Alheio a essas vozes da inveja, a essas figuras prenhes de retórica, a bairrismos rançosos, O MIRANTE foi crescendo. E a equipa que o ajuda a produzir também. Tratá-lo hoje por jornal da Chamusca, mesmo que com intenções mesquinhas, soa-nos a elogio. Porque a vida é feita de afectos e ninguém esquece o lugar onde nasceu. * Jornalista

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