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31 anos do jornal o Mirante

A nossa insatisfação é eterna

Quando eu era criança queria ser “bombeiro musiqueiro”. Assim mesmo, costumava contar-me a minha mãe. Eu deveria ter três ou quatro anos e ficava fascinado com a fanfarra da corporação local. Vivíamos no Porto, nessa altura, Travessa da Figueiroa. Agora, a caminho dos cinquenta, sou director de um jornal, em Santarém. A vida raramente é como nós queremos. E ainda bem. Gosto muito de música mas acho que não aguentaria todos estes anos a soprar num trombone ou a malhar no enorme bombo que vai à frente da charanga, nos desfiles.Há quatro meses fui convidado a ocupar o cargo depois de onze anos a chefiar a redacção. O actual Director-Geral da empresa, Joaquim António Emídio, entendeu que era chegada a altura de “passar o testemunho”. As pernas tremeram-me mas aceitei. Eu sempre soube que aquele dia poderia chegar. Temia-o e desejava-o. O medo era o reconhecimento das minhas limitações. O desejo advinha da enorme vontade de me ultrapassar. De ir mais longe. De fazer mais por O MIRANTE.Não se deduza apressadamente que a minha coragem é imensa. Chegado aqui tenho que confessar que me amparei a uma frase do anterior director incluída no editorial onde foi comunicada aos leitores a passagem do testemunho. Dizia assim “Mas fico por cá. Para o que der e vier e a fazer muitas outras coisas que, agora, são menos bem feitas ou, em alguns casos, estão adiadas desde que iniciamos este projecto”. Era impossível e impensável ser de outra maneira.Este é o jornal regional com maior tiragem do país. O mais lido na sua área de intervenção. Para alguns estaria chegada a altura de fazermos uma sesta à sombra da bananeira. Mas só para os que não conhecem a equipa que semanalmente faz cada edição de O MIRANTE – administrativos, gráficos, jornalistas e comerciais – porque os leitores, e os comerciantes e instituições que nos escolhem para divulgar as suas mensagens publicitárias, sabem que a nossa insatisfação é eterna.O MIRANTE nunca se acomodou, nem se pode acomodar se quiser continuar a ser a voz de uma região. Se chegar aos sessenta ou aos cento e sessenta anos será ainda mais irreverente do que é hoje ao completar dezasseis. É inevitável que assim seja. Não somos um jornal de referência mas temos muitas referências. A maior das quais é a busca incessante da qualidade. A nossa luta diária é para sermos inquietos, irrequietos, incómodos. A mudança de director não foi um acto de ruptura. Este jornal é pensado em equipa. É feito da conjugação de esforços, da troca de ideias. E não vale a pena terminar este texto com o anúncio de novas secções, novas iniciativas editoriais, inovações sem fim. Elas vão surgir a seu tempo. Algumas hoje, outras amanhã, outras depois de amanhã. A única coisa sensata a fazer é repetir as palavras do poeta, escolhidas para fechar o editorial do primeiro número do jornal, saído a 16 de Novembro de 1987: “Caminhante não há caminho/faz-se caminho ao andar”. Alberto Bastos - Director de O MIRANTE

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