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O paraíso em Vale das Mós

Só falta o saneamento básico e um médico todos os dias
Em Vale das Mós,freguesia do concelho de Abrantes há trabalho para todos quer sejam novos ou velhos. Há bons equipamentos sociais, piscina incluída, bons ares e poucos barulhos civilizacionais. O pior é o saneamento básico que tarda a chegar. Mas todas as melhoria foram conseguidas depois da elevação a freguesia.Os moinhos de água que outrora se multiplicavam junto à ribeira deram nome à aldeia de Vale das Mós, sede de freguesia com o mesmo nome, que agrega também as aldeias de Ramalhais e Pessegueiro. Hoje, as mós servem para ornamentar as entradas dos portões e dos velhos moinhos restam três a caírem aos pedaços.Nos limites do concelho de Abrantes, bem junto a Ponte de Sor, Vale das Mós é uma espécie de oásis. Localizada num vale verdejante, que os fogos do último Verão não atingiram, a população de Vale de Mós vivia até há algum tempo do corte de árvores, da floresta que cobre os montes que ladeiam a povoação. Actualmente, as fábricas e as oficinas ocupam a maior parte da população activa da freguesia.Primeiro foi construído o edifício da junta, do posto médico com dependências para a segurança social, depois ocupadas pelos correios e, presentemente pela Associação de Caça e Pesca. O imóvel tem as condições exigíveis, mas só há médico duas vezes por semana. A enfermeira vem três vezes. Uma situação pior do que a que existia antes do 25 de Abril, segundo o presidente da junta. As piscinas, situadas logo ao pé da sede da junta, são o ex-libris do trabalho autárquico. Foram financiadas pela PEGOP (Central do Pego) e pela Associação Tagus e encontram-se em funcionamento desde 1997. A aposta neste equipamento foi uma forma de resolver e alguns problemas de droga existentes na zona. E se não resolveu definitivamente o problema possibilita aulas de natação a 600 crianças das freguesias de Bemposta, S. Miguel, Pego, S. Facundo e Concavada, para além de Vale das Mós. Mas a frequência não se restringe às crianças, os registos apontam a entrada de uma média diária de 200 pessoas. Igualmente inusual é a existência de um complexo com creche, jardim-de-infância, ATL e centro de dia para a terceira idade. Trata-se do Centro Social Paroquial, uma instituição particular de segurança social (IPSS), gerida pelo pároco Manuel Mendonça e pelas religiosas da congregação da Aposentação de Maria.A estrutura, instalada junto à igreja em honra de Nossa Senhora de Fátima, emprega 27 pessoas distribuídas pelas várias valências e também pela horta e pela pecuária. As refeições, que rondam as 200 diárias, são confeccionadas com muitos destes produtos. O centro de dia tem 7 idosos, dá apoio domiciliário a 77 e a grande aposta é a construção de um lar ou centro de noite. Na zona dedicada aos mais novos, os três serviços contam com a frequência de 90 crianças. A creche tem 15 crianças, o jardim-de-infância 45 e em ATL 30. Mas nem todas são de Vale de Mós, o centro apoia também as freguesias de Bemposta, S. Facundo e Alvega. A casa mortuária e um novo cemitério são outras das obras feitas. “A casa mortuária foi muito contestada, achavam que não era necessária porque as pessoas eram veladas em casa. Mesmo assim avancei com a obra e agora ninguém é velado em casa”.Mas os equipamentos não ficam por aqui. Junto ao antigo campo de futebol e do rinque está em construção um parque desportivo com instalações para as festas da freguesia ou particulares, um ginásio e salas para as quatro associações da freguesia: Associação de Caça e Pesca, “Sem Rumo”, Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Vale de Mós e o Grupo Desportivo. Para uma terra de pouco mais de 700 eleitores e um Fundo de Fomento para as Freguesias de aproximadamente vinte e seis mil euros, a construção de tantas obras é quase milagre. A fórmula mágica é dada pela própria população que gratuitamente trabalha na construção destes equipamentos. E novos empreendimentos se avizinham. António Rodrigues quer construir, e já tem terreno para isso, um campo de ténis, ao pé das piscinas. Apesar de pequena, a freguesia tem muita gente nova, a escola primária tem 20 alunos e, na opinião de António Rodrigues, cada vez haverá mais miúdos. Os casais jovens estão a fixar-se na aldeia e já não ficam só com um filho como acontecia há uns anos. A estatística é feita na festa natal promovida pela junta para as crianças dos 0 aos 12 anos.Menos bom é o encerramento da telescola no próximo ano. Com o fim da escola básica mediatizada, as crianças do segundo ciclo têm de ir para Abrantes, o que as obriga a estarem fora de casa das 7 da manhã às 9 da noite, por causa dos transportes, apesar de haver vários autocarros durante a manhã e à tarde para a sede do concelho.O saneamento básico é outro dos motivos de preocupação de autarcas e população. O projecto está feito, mas falta a sua concretização. Entretanto, a câmara, através de uma empresa, garante a limpeza das fossas particulares, gratuitamente, uma vez por ano. Quem precisar de despejar a fossa segunda vez paga o metro cúbico a 32 euros e cada tanque tem entre 5 a 6 metros cúbicos. O verde impera nestes confins do concelho de Abrantes. O ar é leve, ouve-se o canto dos pássaros e sente-se o cheiro da terra. Barulho estranhos só mesmo os dos veículos motorizados que cruzam a estrada a caminho de Ponte de Sor. Males da civilização a que ninguém quer renegar.Margarida Trincão

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