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Uma orquestra improvisada

Uma orquestra improvisada

Atelier de percussão na Biblioteca Municipal de Azambuja

Tiago Costa, quatro anos e meio, é dos primeiros a chegar à galeria de exposições da Biblioteca Municipal de Azambuja na tarde de sábado, 29 de Novembro. O seu sonho é tornar-se músico, nem que seja por um por um dia. Quando um dos monitores pergunta quem trouxe instrumentos de casa o jovem retira do fundo de um saco o utensílio de percussão que testou cuidadosamente em casa – um fervedor.

“Em casa tinha um tambor, mas foi à procura de alguma coisa que fizesse mais barulho. Ainda experimentou um tacho, mas o som do fervedor de leite era mais forte”, revela o pai, Rui Costa, 33 anos.Pouco depois um grupo de 22 jovens, entre os três e os 14 anos, reúnem-se no centro da sala e formam um círculo. A aula de percussão começa com palmas. Primeiro aprende-se o ritmo da Chula e depois do Malhão, duas músicas tradicionais portuguesas. Cada um dos ritmos tem um código gestual que o monitor André Cruz ensina para depois dirigir a improvisada orquestra de percussão.Depois de aprender os ritmos distribuem-se os instrumentos, desde os mais sofisticados como o timbalão ou a tarola, até aos mais tradicionais como a cana rachada, o reco-reco e o adufe. “Quem quer o pote”, pergunta o monitor Miguel Ouro. É a altura de aplicar nos instrumentos os ritmos que acabam de aprender. Assim que o maestro dá sinal o jovem Tiago empenha-se em fazer o maior barulho possível com as duas varetas de madeira que percute na base do fervedor. Ao lado, Carolina Oliveira, três anos, bate energicamente num adufe, metade do seu tamanho. Veio acompanhada pela avó, Maria Amélia Lopes, 75 anos, que a olha orgulhosamente ao longe. É uma apaixonada por música. Toda a semana dançou pela casa à espera que chegasse a hora do atelier.Lá atrás, no timbalão instalado no tripé, os mais velhinhos experimentam os sons mais arrojados. Depois do primeiro tema trocam-se os instrumentos e os jovens músicos arriscam outros sons. Quem fica de fora acompanha o ritmo com palmas.Para o monitor André Cruz, 21 anos, baterista na orquestra de percussão “Toca a Rufar” , os ateliers são importantes para despertar nos jovens o gosto pela música. “Só me interessei pela música quando experimentei a percussão. Até ai limitava-me a ouvir música quando ligava o rádio no carro”, lembra.Depois de organizar a sessão “Hoje vou ser bibliotecário” e “Hoje vou ser oleiro” a Biblioteca Municipal decidiu permitir que o espaço se tornasse “tudo o que uma biblioteca não deve ser” e organizou um atelier virado para a música. A casa quase veio abaixo, mas a responsável pela Biblioteca, Rita Nunes, considera que é uma boa forma de atrair jovens para o espaço de cultura da vila. “Tivemos muitos participantes que não são utilizadores assíduos da Biblioteca”.O objectivo da iniciativa “Hoje vou ser”, que se realiza uma vez por mês, é transformar o sábado num dia informal e mostrar que a biblioteca pode ser um sítio onde se vem passar parte do tempo livre.Ana Santiago
Uma orquestra improvisada

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