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Falso médico ataca em Torres Novas

Falso médico ataca em Torres Novas

Fazia rastreio ao cancro da mama ao domicílio

Um indivíduo faz-se passar por médico e convenceu uma mulher de Torres Novas a fazer um rastreio ao cancro da mama. A vítima expôs o caso à PSP e à comunicação social, para alertar potenciais vítimas contra as manobras do falso clínico.

O homem identificou-se como médico do Hospital de Santa Maria, disse que andava a fazer um rastreio ao cancro da mama e Maria Carolina, de 55 anos, deixou-se consultar com toda a boa fé. A cena, que não teve consequências de maior pelo menos por enquanto, passou-se em Torres Novas e o indivíduo em causa voltou a contactar a “sua cliente” no dia seguinte. Esta, desconfiada, montou-lhe uma cilada que acabou por não dar resultado, porque o “examinador” acabou por fugir.Como o bom julgador por si se julga, Maria Carolina não teve qualquer desconfiança daquele senhor de estatura meã, bigode, bom aspecto, aparentando 35 a 40 anos que lhe bateu à porta dizendo-se médico do Hospital de Santa Maria.“Isto foi no dia 9 de Janeiro. Estava em casa, bateram à porte e eu abri”, conta. O sujeito, vestido com uma farda cinzenta, com umas listas verdes, vinha à procura de uma senhora chamada Eugénia, mas na rua da Palha, em Torres Novas, nem Maria Carolina, nem a vizinha, que já conta 80 anos e sempre ali morou, conheciam ninguém com esse nome.Conversa puxa conversa o falsário acabou por dizer que já tinha visto Maria Carolina no Hospital de Santa Maria: “E a verdade é que eu caminhei durante 19 anos para esse hospital com uma das minhas filhas que faleceu recentemente”. A referência ainda tornou a situação mais credível. “Ele disse-me aquilo e eu acreditei”. Depois veio o objectivo da visita. O tal senhor, que se fazia transportar numa carrinha, com a palavra Expresso escrita a letras verdes, informou que ele e uma colega, que tinha ficado na mesma rua, mais abaixo, andavam a fazer um rastrEntrou esteeio ao cancro da mama. Maria Carolina foi pronta: já tinha feito duas mamografias em Tomar e estava tudo bem com ela.“Quando lhe disse que tinha ido a Tomar perguntou-me logo se tinha sido na Diamecon e eu respondi que sim.” Mas ele insistiu. Disse que o exame tinha de ser feito e Maria Carolina, sem desconfiar de nada, acabou por ceder. “Foi mesmo aqui à entrada da porta, mandou-me despir e eu tirei o casaco, mas também era preciso despir a camisola e a camisola interior e eu fiz o que ele me mandou. Acabei por ficar despida da cintura para cima, quem passasse na rua via-me. Senti vergonha, mas não tive medo”.O pseudo médico fez o exame, achou que estava tudo bem, foi-se embora e Maria Carolina ficou sossegada. A desconfiança só surgiu no outro dia. Logo pela manhã, eram 08h30, o homem apareceu no café onde Maria Carolina estava com a família e pediu-lhe para ir de novo a casa com ele.“Foi aí que eu desconfiei. Então se ele já tinha feito o exame todo, se tinha dito que estava tudo bem, o que é que ele queria mais?”. O argumento era de que precisava de tirar a medida ao peito, mas desta vez Maria Carolina não foi na história e disse que só estaria disponível por volta das 11 horas, para dar tempo de ter gente em casa que pudesse apanhar o sujeito.Só que o falsário apareceu 20 minutos mais cedo e encontrou Maria Carolina ainda na rua com dois irmãos: “Foi o mal. Quando o vi virei-me para o meu irmão e disse-lhe para ele tirar a matrícula do carro, mas falei alto de mais e o homem ouviu. Só queria que visse: meteu-se no carro, acelerou e desapareceu. Com a velocidade com que ia nem sei como não atropelou ninguém”.O caso era demasiado estranho e Maria Carolina resolveu apresentar queixa à polícia. “Não me pareceu que a polícia tivesse ligado muito ao que eu disse. Dei-lhes a matrícula do carro, mas como eu não tinha sido forçada a nada disseram-me que não havia motivo para investigar”.O comandante da Esquadra da PSP de Torres Novas, Jorge Soares, pormenoriza um pouco mais: “A senhora fez o relato do que tinha acontecido, mas não apresentou queixa porque lhe foi perguntado se queria procedimento criminal e recusou. De qualquer forma, vamos investigar”.Maria Carolina percebeu que a polícia não tinha dado a atenção que entendia que o caso merecia e para que não houvesse mais vítimas resolveu informar os meios de comunicação social o que lhe tinha sucedido. “É importante que as pessoas saibam estas coisas para não caírem nelas como eu caí. Como ele veio a minha casa pode bater a outras portas, até das minhas filhas e enganá-las. Mas eu pensei que fosse médico...”, concluiu.
Falso médico ataca em Torres Novas

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