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“Quem não sabe não salva”

Bombeiros Voluntários de Azambuja queixam-se da falta de formação

Os Bombeiros de Azambuja estão preocupados com a falta de formação e queixam-se de discriminação da Escola Nacional de Bombeiros. O alerta foi lançado na festa comemorativa dos 72 anos da associação.

A falta de cursos de formação específica em matérias perigosas, fogos urbanos e industriais é a grande dificuldade sentida pelos Bombeiros Voluntários de Azambuja. O alerta foi feito pelo comandante da corporação, Pedro Cardoso, no domingo, 18 de Janeiro, durante a sessão solene de comemoração dos 72 anos da associação.Pedro Cardoso queixa-se da escassez de formação, que deveria ser assegurada pela Escola Nacional de Bombeiros, mas que não é disponibilizada. “Queremos uma escola para formar todos os bombeiros e não só para alguns. A formação é a base de todo o serviço com qualidade e profissionalismo que pretendemos que seja cada vez mais eficaz. Quem não sabe não salva nem se salva”.A corporação de bombeiros teve que suportar financeiramente a realização de três cursos de tripulante de ambulância de transporte, três cursos de salvamento e desencarceramento, um de todo o terreno e um na área de matérias perigosas, recorrendo a formadores da zona operacional. “A formação mais técnica é a mais difícil de conseguir. Os formadores escasseiam e são muitos os corpos de bombeiros, o que torna a nossa vida muito mais difícil”.A associação vai iniciar uma colaboração com Fernando Mesquita, licenciado em Psicologia Clínica a terminar o mestrado, que irá integrar o projecto em parceira com equipas de emergência dos Estados Unidos. Fernando Mesquita tem experiência na formação sobre stress pós-traumático, emergência psiquiátrica e também apoio psicológico ao corpo de bombeiros.Pedro Cardoso alerta ainda para o aumento dos problemas que advêm do crescimento rodoviário, ferroviário, industrial e urbano do concelho, que será acrescido este ano com eventos como o Euro 2004. A zona é atravessada pelas acessibilidades que dão ligação aos estádios, como é o caso do terminal ferroviário, Estrada Nacional 3, auto-estrada do Norte e Rio Tejo.O líder do corpo de bombeiros lembra também que no concelho estão implantadas empresas estratégicas para o funcionamento do país, como é o caso dos armazéns de logística e de empresas internacionais, que poderão ser alvo de terrorismo. A maior preocupação é a empresa de combustível CLC, em Aveiras de Cima.“As nossas preocupações baseiam-se no não conhecimento de planos de emergência e de intervenção a nível nacional ou distrital, uma vez que consideramos que esses planos deveriam ser do conhecimento de todos para que pudéssemos falar a mesma linguagem, incluindo câmaras, juntas de freguesia, autoridades de saúde, autoridades de segurança e associações”, alertou.O comandante considera que é preciso tirar as devidas lições do trágico Verão passado de forma a que não se cometam os mesmos erros. A corporação esteve nos grandes incêndios percorrendo quase 10 mil quilómetros de Lagos a Castelo Branco. No ano passado os bombeiros voluntários intervieram em 117 incêndios florestais, cinco urbanos, cinco industriais e cinco envolvendo transportes. Acorreram a 93 acidentes rodoviários, três ferroviários, prestaram apoio a 356 vítimas de acidentes de trabalho e efectuaram 1030 emergências pré-hospitalares.No dia do aniversário a Junta de Freguesia de Azambuja ofereceu à corporação 20 pares de botas de fogo urbano e industrial e um conjunto de blocos escalonados para desencarceramento no valor de dois mil euros.O comandante agradeceu ainda o esforço da câmara para a criação dos grupos de primeira intervenção, equipas permanentes nas corporações que asseguram os serviços durante o dia há cerca de um ano. “A certas horas do dia, por muito que a sirene toque, os bombeiros estão nos seus empregos e não podem dar o seu contributo à causa como gostaríamos”.A corporação, que conta com 62 elementos, possui duas viaturas de fogo florestal, duas de fogo urbano, uma de desencarceramento e oito ambulâncias.

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