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Vinte anos de problemas

Moradores da Urbanização da Boavista reclamam obras básicas

Chama-se Urbanização da Boavista mas a vista é tudo menos boa. As estradas são em terra batida, passeios é coisa que não existe e a iluminação é deficiente. Os moradores dizem-se abandonados e fartos de promessas.

Não é difícil encontrar a Urbanização da Boavista, em Linhaceira, concelho de Tomar. É aquela que tem ruas em terra batida, erva em vez de passeios e uma iluminação que alumia muito pouco. E há quem more ali há 20 anos, desde que a urbanização começou a ser feita.Em duas décadas, o único melhoramento que os moradores tiveram foi a ligação dos ramais de esgotos a cada lote de terreno, de modo a que no futuro próximo os efluentes possam ser canalizados para a ETAR a ser construída pela empresa Águas do Centro.Mas enquanto isso não sucede, de cada vez que as duas fossas existentes transbordam o líquido corre livremente pela berma das estradas, desaguando num ribeiro que passa na zona baixa da urbanização. O problema, diz António Salvador, um dos primeiros moradores da urbanização, reside no facto de não existir um sistema de separação de esgotos. “Só deveriam ir para as fossas as chamadas águas negras. As outras deveriam ser encaminhadas para outro lado”, refere o engenheiro civil.Além dos maus cheiros provocados pelas fossas, quando transbordam, os moradores queixam-se também do estado das ruas que, em duas décadas, levaram apenas duas carradas de touvenant. “No Verão ninguém pode abrir uma janela por causa da poeira que os automóveis fazem quando passam. No Inverno é um lamaçal completo”, refere outro habitante.Durante a época das chuvas, a urbanização, situada numa encosta, serve ainda como “escoador” para a água proveniente das valetas da estrada nacional, levando a que se criem verdadeiras crateras no pavimento de terra batida. Jorge Franco, membro da comissão de moradores, lamenta a falta de vontade política para resolver a situação. “Já passaram pela câmara três presidentes, foram feitas promessas e tudo continua igual. Há 20 anos que há uma promessa de que tudo se faz no ano seguinte. Uma promessa que começa a evidenciar-se sempre mais no ano anterior a eleições”.Talvez seja por isso, diz o morador, que a câmara diga agora que o problema vai ser resolvido em breve.Apesar de o loteamento ser privado e de o seu promotor ter há duas décadas negociado com a autarquia avançar com a construção de uma urbanização que não contemplasse estradas asfaltadas, a câmara, dizem os habitantes, tem de garantir o bem estar dos munícipes que pagam os seus impostos.A última estimativa de custos para o alcatroamento dos arruamentos da urbanização, feita há dois anos, apontava para valores próximos dos 350 mil euros - “muito menos do preço de uma rotunda cibernética que não trouxe nenhuma utilidade aos munícipes”, diz Jorge Franco.A culpa é dos munícipesPara o presidente da Câmara de Tomar, a culpa é muito mais dos próprios moradores do que da autarquia. “Quem há 20 anos ali comprou um terreno já sabia que não ia ter estradas alcatroadas. E se não sabia deveria ter-se informado antes do que estava a comprar”, atira António Paiva.Visivelmente agastado com a questão, o autarca diz mesmo que quem não está a cumprir com o acordado é uma boa parte dos moradores da Boavista. Há dois anos, os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) do município fizeram a ligação dos ramais de água e esgotos a cada lote, uma obra indispensável antes de se avançar para a pavimentação das estradas.Nessa altura, refere o presidente, ficou acordado com os moradores que o SMAS adjudicava a obra e as pessoas pagavam a ligação. “O que acontece é que, dois anos depois, metade dos habitantes ainda não deu um tostão mas a câmara pagou ao empreiteiro que ali andou”.Apesar de salientar esta situação, António Paiva diz que a obra de pavimentação das ruas da urbanização irá avançar a curto prazo, mesmo antes das Águas do Centro começarem a obra de abastecimento em alta que irá ligar os esgotos à futura ETAR de Asseiceira. A Urbanização da Boavista tem 80 lotes aprovados, estando neste momento construídas cerca de 45 casas. Margarida Cabeleira

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