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O ano de 2005

O ano de 2005 será efectivamente o ano da retoma económica e social. oito prováveis acontecimentos:1. Os Portugueses e os Europeus, em geral, terão mais dinheiro no bolso para gastar e as nossas empresas para investir; sobretudo as pequenas e médias empresas, que são a quase totalidade do tecido empresarial nacional;2. Decididamente, as autarquias vão dispor de orçamentos mais confortáveis, quiçá também com o dobro do tecto actual de endividamento; mas também as nossas empresas vão pagar menos impostos – os portugueses, esses ainda terão de esperar pelo bondoso orçamento de 2006 (recordemo-nos, as eleições autárquicas são em finais de 2005 e as legislativas serão em 2006);3. A riqueza criada em Portugal vai aumentar, não tanto porque se evidenciaram estratégias modernizadoras da nossa economia nem reformas estruturantes da nossa sociedade, com políticas activas nas áreas da educação e do emprego, mas fundamentalmente, porque as nossas exportações para os países da Europa e dos EUA começam, finalmente a acentuar-se, fruto da efectiva melhoria dessas economias;4. Vamos também, em 2005, deixar de ouvir falar, finalmente e para bem de todos, do déficit das contas públicas (o que é isso, aliás, depois do recente furo das regras europeias do Pacto de Estabilidade e Crescimento) e começaremos a assistir a um ligeiro aumento dos salários e das taxas de emprego; não esquecendo que a taxa actual de desemprego se cifra em 6,9%, a mais elevada dos últimos 10 anos; o aumento de emprego deve-se a um crescimento do consumo e do investimento, em termos internos, e , por outro lado, resulta da abertura de mercados europeus:5. Em Portugal, a revolução dos telemóveis da terceira geração, a reestruturação dos mercados de combustíveis, energia e transportes, o processo de privatizações (Portucel, Somincor e Adp), as recentes Leis do Trabalho, a nova Lei do licenciamento comercial e as putativas consequências da Reforma da administração pública já terão surtido algum efeito, mais não seja, agitando o mercado de sectores fundamentais e os reorganizando; também com alguma necessária estratégia de competitividade internacional, aproveitando a nossa língua e as nossas, ainda que escassas, qualificações técnicas;6. O pacote comunitário financeiro para o período de 2007-2013, está em plena fase de negociação pelo Governo; dificilmente, Portugal escapará a uma perda efectiva de fundos que vão para Leste, não tanto por qualquer possível incapacidade de gestão ou negociação mas, fundamentalmente, porque não conseguimos demonstrar às instâncias europeias, primeiro, que estamos necessitados desses fundos e, depois, que somos merecedores de, no mínimo, manter as actuais transferências da Comunidade (até porque, com as quebras de investimento actuais na ordem dos 10%, e com uma política económica que privilegia a economia monetária em detrimento da economia real, acredito que não teremos mais do que aquilo que merecemos);7. Os conflitos étnicos (mormente em África e na Ásia), o tumultuoso conflito no Médio Oriente, um Iraque mais estabilizado serão, entre outras frentes, possíveis garantias dos próximos anos, fruto de uma liderança prepotente dos EUA, País que, muito provavelmente, continuará a ser governado pelo Presidente republicano Bush, e por outro lado, por uma incapacidade da ONU se afirmar como a organização Mundial para garantir a Paz do Mundo;8. A economia europeia, acompanhando a já visível dinâmica de capitais, vai entrar em fase de expansão; com esta, vamos assistir à redução do peso Euro-Dólar, ao aumento inevitável das taxas de juro e também a uma aproximação significativa dos EUA, também economicamente em franco crescimento; apesar do recrudescimento da economia japonesa e das economias mais populosas do Mundo, China e Índia, bem como da América Latina e de África também, vamos continuar, infelizmente, a assistir a um acentuar progressivo do fosso entre países ricos e pobres. Compreendam que entendi não percorrer os nossos desejos e ambições comuns certamente na melhoria das nossas condições de saúde, física e financeira, para o ano de 2004, por um lado porque este ano não vai ser muito diferente de 2002/3 situação criose ) e, fundamentalmente pelo facto de por hábito, darmos demasiada importância à grandeza dos números redondos e à ambição a eles associada: gostamos de falar de 10, 20,50 anos, por vezes séculos, no ano 2000, 2004, e esquecemo-nos, amiúde, que um ano é composto por 365 dias e cada um desses dias por 24 horas que, por sua vez, se multiplicam por inúmeros minutos e por ainda muitos mais segundos. E, fundamentalmente, que deveríamos ser tão ambiciosos e felizes em cada um desses importantes momentos, dependendo, como sabemos, essa felicidade de diversas variáveis, algumas delas incontroláveis;Assim 2004 será, definitivamente, um ano de transição. Muito difícil e esforçado. Por outro lado, 2005 será um ano de mudança e de oportunidades. Não menos difícil mas, certamente, mais proveitoso. Poderá e deverá significar um novo ciclo.Termino com uma citação de Vítor Hugo, que espelha aquilo em que acredito num 2005 melhor, “podemos nunca ser todos felizes mas conseguimos, por certo, fazer com que deixem de haver miseráveis”. * Presidente da Câmara Municipal do Cartaxo

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