Numa altura em que proliferam lojas chinesas que vendem todo o tipo de “souvenirs” e curiosidades, uma empresa portuguesa exporta para a China milhares de galos de Barcelos e imagens da Fátima que mudam de cor conforme o tempo.A pequena empresa fabrica presentemente uma média anual de 900 mil imagens de Fátima e 600 mil galos do tempo.Desde 1950 que José Dias Cardoso inventa, fabrica e vende higrómetros químicos, figuras que mudam de cor consoante a humidade atmosférica numa gradação entre o azul para o tempo seco e o rosa para o tempo chuvoso.Em 1965 lançou o galo de Barcelos, que é um dos 95 modelos produzidos na sua fábrica, juntamente com imagens de Fátima e Lurdes (França), de Santo António, de Santiago de Compostela, galos do tempo e mochos.José Dias Cardoso diz que a China é hoje um dos seus principais clientes e conta que só na semana passada enviou para aquele país uma encomenda de 20 mil imagens higroscópicas “Made in Portugal” de Nossa Senhora de Fátima e galos do tempo.O empresário afirma que o mercado chinês sempre foi uma atracção, mas nunca pensou chegar tão longe, já que, em sua opinião, “eles [chineses] inventam de tudo”, podendo facilmente ultrapassar as suas criações.O inventor certificado não esconde o receio de que os seus produtos possam ser copiados ou produzidos em massa no Oriente, mas foi de Ocidente que chegaram as primeiras imitações.No seu escritório em Lisboa podem ver-se, ao lado dos galos de Barcelos, “reproduções e imitações” de quase todos os seus artigos, a maior parte dos quais falsificados no Brasil.“Chegaram a fotografar os rótulos que eu utilizo, os impressos que acompanham os higroscópios e até a escrever na base dos galos ‘Made in Portugal’”, afirmou Dias Cardoso.Essas imitações, que eram “de má qualidade”, acabaram com as exportações para o mercado brasileiro, que em tempos foi o principal consumidor destes artigos.Como reacção, Dias Cardoso lançou no Brasil um novo galo de Barcelos, segundo ele “inimitável”, feito com matérias muito sofisticadas, quase inacessíveis para os falsificadores.Na sua pequena fábrica, que funciona em Fetais, Camarate, nos arredores de Lisboa, cerca 40 pessoas produzem os artigos de José Dias Cardoso, que concebeu 20 composições higroscópicas - 20 sensibilidades diferentes, apropriadas para todos os climas do Mundo.Apesar de ter começado a vender em todo mercado português, especialmente nas zonas fronteiriças, Dias Cardoso depressa começou a exportar para Espanha, Brasil, África do Sul, Estados Unidos e, há cerca de sete anos, para a China.Em Portugal, um dos principais pontos de venda destes coloridos objectos são ainda hoje os estabelecimentos comerciais junto ao Santuário de Fátima.Ainda que a alegada capacidade de prever o tempo seja a sua única utilidade prática, os objectos higroscópios de José Dias Cardoso continuam a ter um mercado que faz da sua pequena fábrica uma indústria de sucesso ao produzir 1,5 milhões de imagens por ano.Lusa