uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Licenciados e bacharéis sem mercado de trabalho

Licenciados e bacharéis sem mercado de trabalho

Desemprego subiu significativamente na região em 2003, não poupando quem tem mais formação académica

As sub-regiões da Lezíria do Tejo e do Médio Tejo registaram no ano passado um aumento da taxa de desemprego de 14 e de 15 por cento respectivamente. Outro dado a registar é a elevada percentagem de desempregados com habilitações de nível médio e superior: 61% no Médio Tejo e 38% na Lezíria.

Esses números preocupam os responsáveis do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) que mesmo assim consideram que a nossa região é privilegiada face às taxas de desemprego registadas o ano passado a nível nacional e mesmo em regiões confinantes como o Oeste e a Península de Setúbal. O crescimento da taxa de desemprego verificado em 2003 começou a estabilizar em Abril, segundo o delegado regional da Região de Lisboa e Vale do Tejo (RLVT), do IEFP, Octávio Oliveira. No entanto o mês de Setembro veio contrariar essa tendência e piorar as estatísticas. A justificação prende-se com a não colocação de muitos professores e também com os recém-licenciados à procura do primeiro emprego.Aliás no Médio Tejo a percentagem de pessoas desempregadas com habilitações de nível médio e superior atingiu os 61 por cento e na Lezíria 38 por cento dos desempregados insere-se no mesmo sector. Estes valores situam-se muito acima do agravamento que se verificou no mesmo grupo na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde a percentagem verificada é de 24 por cento. “É uma situação muito preocupante e, por isso, os centros de formação de Tomar, Santarém e Alverca vão desenvolver acções de formação dirigidas a este tipo de público”, esclarece Octávio Oliveira.As acções promovidas por entidades exteriores ao IEFP e financiadas pelo instituto ao abrigo do programa PRODESP destinam-se a alargar a qualificação profissional dos licenciados de modo a habilitá-los para áreas profissionais diferentes das da sua formação académica.Por outro lado, “nos centros de formação foi dada a orientação para os formadores serem preferencialmente docentes desempregados, desde que possuam competências pedagógicas para exercer essa actividade”.Em 2003, e ainda sem números definitivos, estiveram abrangidas por acções de formação ministradas nos oito centros de formação profissional da Região de Lisboa e Vale do Tejo cerca de 22000 pessoas. “Para além da qualificação profissional uma parte substancial destas acções teve também como objectivo a qualificação académica dos formandos”, esclarece Octávio Oliveira.Apesar do sector dos desempregados com habilitações médias e superiores ser o maior grupo de desempregados do Médio Tejo, uma grande fatia da população desempregada possui um nível de habilitação inferior à escolaridade mínima obrigatória. “É nosso propósito conciliar a qualificação profissional com a académica numa perspectiva de formação ao longo da vida quer profissional, quer académica”, continua.Nesse sentido, os centros de formação, segundo o delegado, têm tido uma ocupação plena na qualificação dos desempregados. “É necessário que as pessoas obtenham mais competências e mais qualificações, para reforçar o seu potencial de empregabilidade e numa primeira oportunidade estejam em condições de corresponder aos desafios das empresa”.A acção dos centros de formação na qualificação profissional “é indiscutível”, na opinião do delegado regional: “A formação confere um potencial de empregabilidade muito maior do que aquele que as pessoas tinham à partida. Esta é uma regra geral e ainda há pouco tempo tivemos oportunidade de demonstrá-lo num programa televisivo em que foram entrevistados quer empresários, quer jovens”.Outro das apostas dos centros de emprego é o encaminhamento para o estabelecimento por conta própria. Porém, e numa altura em que as oportunidades escasseiam, a percentagem de desempregados que criam o seu próprio posto de trabalho é insignificante: “Dispomos de programas para apoiar esses casos e registamos casos de sucesso, mas o estabelecimento por conta própria é residual, não tem expressão significativa, o que não quer dizer que esse caminho não deva ser percorrido”.Neste quadro, os trabalhadores de áreas muito especializadas, com pouca flexibilidade e com idades próximas ou superiores aos 50 anos são também um problema de difícil resolução. À partida as pessoas nesta situação têm de estar dispostas a encetar outro percurso profissional, porque nos centros de formação existem acções de reconversão profissional. “As acções existem mas é justo reconhecer que a segunda oportunidade para essas pessoas depende das próprias entidades empregadoras e é verdade que essas oportunidades têm escasseado na sociedade. A própria sociedade deverá encontrar soluções inovadoras para prolongar a permanência na vida activa dessas pessoas”, observa Octávio Oliveira.Os centros de emprego e os centros de formação, organismos do IEFP, trabalham em conjunto na procura de soluções para os desempregado e as acções de formação são determinadas em função das necessidades do tecido empresarial: “Nos centros de emprego faz-se o ajuste entre a oferta e a procura, devido ao contacto com as empresas apercebemos das necessidades é com base nesse diagnóstico, qualitativo e qualificativo sai a encomenda para o centro de formação desenvolver as acções de formação naquelas áreas. Depois é necessário que a economia e o tecido empresarial tenham capacidade de empregar essas pessoas”.Margarida Trincão
Licenciados e bacharéis sem mercado de trabalho

Mais Notícias

    A carregar...