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Dornes vítima das proibições selvagens

É na dupla qualidade de cidadão e presidente da Assembleia Municipal de Ferreira do Zêzere que tomo a liberdade de tecer algumas considerações acerca dos excelentes artigos sobre Domes - Ferreira do Zêzere e as suas gentes, publicado na edição de 4 de Março.Souberam, em duas ou três pinceladas escritas com mestria, transmitir no fundo, um retrato verdadeiro do interior e daqueles que sempre têm pago a factura pesada da interioridade.Como diz o meu particular amigo José Russo, presidente da Junta de Freguesia de Dornes “é preciso a pessoa desabrir-se”. Na realidade, a meu ver, ainda estão para recair na população do Concelho de Ferreira do Zêzere, algumas mais valias, pelo facto do “predador Homem”, ter aprisionado em 1950, o místico rio Zêzere, nas três grandes barragens: Cabril,Bouçã e Castelo do Bode, esta última, de interesse para nós Ferreirenses.A então Hidroeléctrica do Zêzere, “ comprou” por três réis de mel coado, os terrenos a ficarem submersos até à cota 122, julgo eu. Nessa altura, para além do plano máximo da água e à revelia do acordado, se guardaram mais 10 metros, medidos na horizontal da perpendicular, onde nada se poderia fazer incluindo a agricultura.Mais tarde e com a paciência de quem tudo vai aceitando, este espaço inicial foi aumentado para 30 e ainda mais tarde para 50 metros acrescidos agora de outros 450 onde praticamente tudo é negado.O alagamento das terras, das casas, das escolas e das povoações provocaram o êxodo e nunca houve por parte dos governos, até hoje, uma atenção especial,salvando-se o trabalho exaustivo das autarquias. Para além do malfadado Plano de Ordenamento da Barragem do Castelo do Bode, que até nos impede de andar de barco, ou melhor, só permite a navegação a barcos caros, as algemas impostas pela Reserva Agrícola Nacional e pela injusta Reserva Ecológica Nacional a que se adiciona o Plano Director Municipal, remeteram, praticamente, as populações das zonas ribeirinhas para meros espectadores da água que mansamente nos vai passando aos pés e que vai matar a sede a milhões de cidadãos o que é uma dádiva da Natureza.Não admitimos que alguém goste mais da Natureza do que nós mas, a continuarem as proibições selvagens este paraíso, acabará por ser povoado, por “ uma pequena reserva de gente estranha” vista como algo de antanho. Recusaremos sempre esta forma de tratamento. Temos os nossos saberes, as nossas tradições e exigimos as mais valias a que temos direito.António Fernando Lopes Carraço - Dornes

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