Em tempos a freguesia de Tremês, concelho de Santarém, foi conhecida pela produção de tijolo. Ainda existem vários fornos a operar na zona, aproveitando a matéria-prima do território. Mas hoje em dia a grande esperança no futuro e no desenvolvimento da localidade está depositada na fábrica de frigoríficos, como é conhecida pela população. A Olitrem emprega várias pessoas da freguesia constituída por nove lugares. Num espaço marcadamente rural é a fábrica de frigoríficos que “sustenta” a localidade, apesar de muita gente ainda se ocupar da agricultura. Aliás à volta do aglomerado urbano estendem-se vastos campos verdejantes, alguns deles com oliveiras. A população de 2.143 habitantes está envelhecida e muitos dos casais novos fogem da localidade para cidades como Almeirim e Santarém. Uma situação que, no entender do presidente da junta de freguesia, José Daniel Madeira, não se deve só à procura de melhores oportunidades como também às dificuldades de construção na freguesia. Um problema que se deve essencialmente às limitações do Plano Director Municipal (PDM) que tem vastas áreas classificadas como Reserva Agrícola Nacional e Reserva Ecológica Nacional, onde não é permitido fazer habitações. Como na freguesia morrem mais pessoas do que nascem, a autarquia local viu-se a braços com a superlotação do cemitério de Tremês. As obras de alargamento que começaram há um mês vêm agora resolver aquela que era uma das principais preocupações da população. Mas há outras situações que urgem resolver, sobretudo porque limitam a qualidade de vida dos habitantes. Apenas a sede de freguesia tem saneamento básico, embora faltem concluir cerca de mil metros de rede. Como nota positiva refira-se que Tremês dispõe de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), construída há cerca de 20 anos, evitando-se assim grande parte da poluição das linhas de água da zona. Nos lugares da freguesia, como Santos, Arneiro, Bairro D. Constança, Alto dos Fornos, Outeiro da Alfazema, Sinterra, Água Peneira, Paço e Casais da Maria Delfina os esgotos continuam a ser encaminhados para fossas sépticas. As estradas também não são as melhores. Apesar de muitas estarem em bom estado, há vias estreitas, sobretudo dentro das zonas populacionais. A que está em pior estado é a Estrada Nacional 362 que liga a sede de freguesia à cidade de Santarém. Não só pelas inúmeras curvas e bermas em mau estado, como também pelos muitos remendos no alcatrão que acabam com a saúde dos amortecedores dos carros. Por isso se compreende que possa demorar-se mais de um quarto de hora a chegar a Santarém. Para além do mau estado do pavimento, há ainda o problema do intenso tráfego de camiões que usam aquela artéria para escoarem a pedra das pedreiras que existem na freguesia vizinha de Alcanede. Por isso a junta de freguesia sente necessidade da construção de uma variante a esta estrada nacional, que passe além dos limites urbanos da localidade e retire o trânsito do centro de Tremês. Para se deslocarem a Santarém, ou a outras zonas, as pessoas dispõem de uma rede de transportes públicos que já satisfaz as necessidades, com autocarros de manhã, à hora de almoço e à noite. Também o acompanhamento médico não é dos piores, atendendo a que a extensão de saúde funciona diariamente com dois médicos. O que é difícil de encontrar em freguesias maiores. Mas no apoio à população sente-se outras carências, como a de um lar de idosos para onde possam ir as pessoas sem família, ou cujos filhos estão longe. E enquanto isso não acontece os mais velhos podem passar o tempo em actividades no centro de dia.Os efeitos da desertificação começaram a notar-se no encerramento das escolas primárias. Nos últimos tempos fecharam duas e perspectiva-se o encerramento no próximo ano lectivo da escola de Outeiro da Alfazema. As poucas crianças dos lugares passaram a ter aulas em Tremês, o que obrigou a junta a adquirir uma carrinha para fazer o transporte dos alunos. Esta situação representa um grande contraste, se tivermos em conta que na freguesia existe um estabelecimento privado, o Instituto Educativo do Ribatejo, com ensino na vertente profissional, que tem crescido de dia para dia e cujas instalações já tiveram que ser aumentadas.A construção de habitação social é um desejo da população de Tremês, já que uma parte da população não tem meios económicos para comprar ou construir casa. Existe até um terreno com sete hectares que está reservado para o efeito. E se um dia o projecto e o sonho se concretizar, não só se acaba com algumas situações de más condições de habitabilidade como se pode evitar que os filhos da terra tenham que procurar outras terras para vingar na vida. Tremês é uma freguesia onde se sente o sossego e onde não há problemas de insegurança. Apesar de não haver posto da GNR na localidade, sendo o policiamento feito pelo posto de Santarém, as pessoas sentem-se seguras.