Pedro Marques vai voltar a ser candidato do PSD à presidência da Câmara de Abrantes. O anúncio foi feito durante uma visita dos social-democratas ao concelho onde se pretendeu mostrar as obras que não foram feitas, os maus investimentos, ou o mau aproveitamento do dinheiro despendido, e o relegar para segundo plano da cultura no concelho. Foi uma jornada de críticas à política dos socialistas que há 10 anos gerem o município abrantino.A viagem foi agendada para o passado sábado, dia 6, mas só parte do concelho foi percorrido. O resto ficará para mais tarde e, em Abrantes, a campanha eleitoral para as próximas autárquicas parece que já começou. Pedro Marques, actual vereador e candidato a presidente não se poupa a esclarecimentos sobre o que tinha sido prometido pelos socialistas e os “erros” de gestão do PS. A escola primária de S. João foi o ponto de partida - “a prometida recuperação do edifício não faz parte dos grandes projectos do PS” - mas na Praça 1 de Maio havia mais “males” a mostrar.Por exemplo, o posto de turismo não está aberto ao sábado à hora de almoço, nem ao domingo e o projecto para a Tapada das Fontainhas, atrás do mercado municipal, foi abandonado. “Era para aqui que estava previsto o pavilhão multi-usos. O município adquiriu terrenos, mas nada se fez. Era aqui também que devia ser construído o arquivo histórico e não na zona industrial longe de tudo”, frisou Pedro Marques.Também o horário da biblio-teca – aberta de segunda a sexta das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 19h30 – foi dada como exemplo do que não se deve fazer. “Há 24 funcionários, mas não é possível abrir a biblioteca ao fim-de-semana porque não há pessoal”, referiu.A “pouca atenção dada à cultura”, no entender do PSD, foi uma das tónicas da visita. Para Tramagal, Pego e Mouriscas estava prevista a criação de núcleos museológicos que nunca saíram do papel. Igual sorte teve a pista de atletismo em cinza para o Tramagal. “Vejam, o Tramagal tem campeões e a pista de cinza é isto”, dizia Pedro Marques apontando para um espaço pouco cuidado, onde uma amante do desporto corria entre ervas altas.E o que entende o PSD da novas zonas industriais? “O parque industrial do Tramagal está preenchido com empresas já existentes, não há qualquer nova firma, e na zona industrial de Abrantes a área ocupada é muito pequena. A postura não pode ser a de vender cafés a quem chega, mas tentar captar novas empresas e para isso é necessário sair dos gabinetes”, sentenciou o candidato.Pedro Marques também não se escusou a acusar os socialistas, nomeadamente o presidente da câmara, Nelson Carvalho, de falta de diálogo. “Com as juntas do PS ainda há algum diálogo e são transmitidas informações para que os presidentes de junta respondam perante as populações, mas aos do PSD nada é dito”. A afirmação foi proferida em São Miguel de Rio Torto, quando o presidente da junta, Matos Gomes (PSD), se queixou de não ter sido informado das obras de saneamento – “são pouco mais de 100 metros” – que estão a decorrer na freguesia.As obras do rinque e a sede da junta de São Miguel são outras das dores de cabeça dos autarcas desta freguesia. O edifício da sede foi iniciado há 12 anos, quando o PSD presidia há Câmara de Abrantes, e há sete que está parado, tendo sido sujeito a actos de vandalismo de toda a ordem. Nas Mouriscas o mote, comum a muitos outros locais, foi a inexistência de passeios e a má qualidade da água. A povoação é abastecida pela barragem dos Negrelinhos, mas a estação de tratamento não funciona nas condições exigidas.Mais a norte, em Fontes, o problema são as estradas. A freguesia estende-se por uma zona acentuadamente inclinada, onde as povoações são de difícil acesso. “Dos 100 mil contos previstos para 2003 e 2004, vão ser gastos apenas 25 mil”, lamentava o presidente da junta, Manuel Eivado (PSD).Foi em Fontes que terminou a primeira digressão pelo concelho de Abrantes, tendo como cicerone os social-democratas. “E não tivemos direito ao autocarro camarário. Este foi pago pelos elementos da comissão política do PSD”, deixou bem claro o futuro candidato à Câmara de Abrantes.Margarida Trincão