Aos 78 anos, Joaquim Veríssimo Serrão ainda trabalha diariamente cerca de oito horas diárias. Actualmente as atenções viram-se para o décimo sexto volume da sua História de Portugal. Uma obra que pretende isenta e que, nesse volume, aborda os anos 50 e 60 do século passado. “Pretendo fazer uma História de Portugal séria e isenta mas que não ataque os mortos, que já não se podem defender”, explica.As células do cérebro são as últimas a envelhecer lembra o historiador, professor jubilado, académico respeitado que há 30 anos preside à Academia Portuguesa de História. Por isso diz que há que manter o intelecto ocupado e aproveitar as suas potencialidades. “Todos os dias leio, todos os dias estudo, todos os dias aprendo. Se um tipo aos 70 anos calça as pantufas e se põe a ver televisão morre ao fim de um ano”.Levanta-se entre as 06h30 e as 07h00 e trabalha até à hora de almoço. De tarde dorme a sesta e depois volta às pesquisas e à escrita até perto da hora de jantar. Um quotidiano quebrado pelas deslocações a Lisboa, onde se encontra sedeada a Academia Portuguesa de História. E pelas solicitações da sua presença para conferências e outros actos públicos.Os métodos e as ferramentas de trabalho continuam a ser as mesmas que utilizava há cinquenta anos. Lápis, papel, máquina de escrever. As novas possibilidades oferecidas pela tecnologia da informação não são exploradas nem o atraem, apesar da insistência dos filhos. O recurso ao fax é o limite, até à data. De computadores e internet apenas conhece a sua existência. Sem lhes dar qualquer uso.Mas, ressalva, “não sou adversário das novas tecnologias”. A justificação para o abandono a que as vota aponta para “o peso da idade”. “Prefiro auxiliar-me das ferramentas que são as minhas desde sempre: o lápis, o papel, a máquina de escrever. Sou um homem fiel ao papel”. Desde os seus tempos de estudante de Coimbra, onde se formou.