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Um homem de secretária

Francisco Asseiceira reparte o dia entre a Junta de Freguesia de Azinhaga e o restaurante da família
Nascido e criado na Azinhaga, o presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga só saiu da aldeia para estudar em Santarém, onde tirou o antigo curso comercial, e para fazer a tropa. No tempo em que o desemprego não era coisa que preocupasse muito, Francisco Asseiceira conseguiu trabalho à porta de casa logo que saiu da escola, empregando-se na secção de pessoal da Sociedade Industrial de Concentrado.Deixou temporariamente o emprego para fazer o serviço militar obrigatório, na Calçada da Ajuda, em Lisboa. “Estive na Lanceiros Dois como polícia militar mas nunca cheguei a sê-lo. Assim que me apresentei no escalão arranjei trabalho na secretaria e só passava os expedientes das participações à máquina”.Pode dizer-se que Francisco Asseiceira sempre foi um verdadeiro homem de secretária. Por isso, voltou ao lugar que ocupava na empresa, até esta falir, nos anos 80. Pouco tempo depois já estava sentado por detrás de outra secretária, na Cooperativa Agrícola da Golegã, que acabou também por encerrar as portas passado uns anos.Nessa altura a coisa já não estava tão fácil em termos de emprego. E como a idade também já era outra, o presidente da junta acabou por abandonar as secretárias e optar por ficar atrás de um balcão, no café que os sogros tinham na aldeia de Mato Miranda.Para rentabilizar o negócio, Francisco Asseiceira acabou por abrir um restaurante. O “Casaca”, nome dado ao restaurante em homenagem ao sogro, antigo motorista de táxi na Azinhaga. Hoje, o presidente é responsável pela parte logística do negócio, enquanto a mulher, Maria Isabel, trata das comidas.Simples e afável, Francisco Asseiceira não é capaz de suportar uma mentira. Por isso, diz não ter perfil para político. Foi aliás por acaso que entrou nesse mundo. Logo depois do 25 de Abril não havia pessoas para completar as listas do PS e vieram pedir a Francisco Asseiceira para integrar o projecto, ele que até era e continua a ser um independente. Durante dois mandatos pertenceu à assembleia municipal, sem nunca pensar poder vir a sentar-se na cadeira que hoje ocupa.Na altura em que saiu da cooperativa, o PS fez-lhe novo convite, desta vez para a encabeçar uma lista à junta. Ou melhor, o convite foi dirigido ao casal, já que a esposa era então secretária da junta de freguesia. “Ela sempre teve mais queda para a política do que eu”, confessa Francisco Asseiceira.A coisa foi posta de maneira a que não houvesse recusa. “Disseram-nos: ou um ou outro! E, depois de muitas conversas em família, acabei por ser eu”, refere o presidente que vai no segundo e, afiança, último mandato.Quem olha para a figura redonda de Francisco Asseiceira não imagina que já praticou quase todos os desportos – foi futebolista, jogou basquetebol, andebol e vólei, sempre pela Casa do Povo da Azinhaga. E no tempo em que não havia pavilhões e os jogos eram feitos em campos de terra batida.O desporto acabou quando começou o casamento. Ou, se calhar, o casamento é que acabou com o desporto. A verdade é que, aos 52 anos, será já difícil a Francisco Asseiceira voltar a ter o corpo atlético que encantou Maria Isabel.

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