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Património, floresta e turismo

Património, floresta e turismo

Sardoal uma terra com história à procura de novos rumos

Sardoal é uma freguesia acidentada onde se respira o ar puro da floresta. A vila, também sede de município, tem bem impressas no seu património as marcas da sua importância histórica. A falta de transportes públicos, a escassez de empregos e a desertificação são os problemas de uma zona onde se faz a transição para a Beira Interior.

Sardoal é uma daquelas vilas onde apetece passear. No cimo do monte a povoação de casas brancas e barras amarelas transpira história. São casas solarengas, construídas para reis passarem férias, vielas de pedra, igrejas e conventos. Mas apesar dos encantos é uma vila do interior, onde as hipóteses de emprego escasseiam e a desertificação é uma ameaça. A grande aposta passa pelo turismo.Na semana santa, o interior das igrejas cobre-se de tapetes de flores e algumas das cerimónias religiosas fazem parte dos roteiros turísticos do país. Mas fora da época pascal, o Sardoal continua a ser atractivo. E o aproveitamento do património natural e edificado começa a estar presente. Passeios pedestres pelo Medonho, zona junto à ribeira do Sardoal para onde fugiram as mulheres da vila durante as invasões francesas, a promoção dos moinhos de Entrevinhas, incluídos na rota do pão, ou a barragem da Lapa, são alguns dos locais deste território acidentado em plena zona florestal.Foi terra de azeite, de pequenas indústrias de malas e carpintarias que não conseguiram resistir à produção em série. Actualmente, dos muitos lagares que existiam resta um. Na zona industrial instalaram-se algumas unidades, mas, descontando o município, a maior entidade empregadora, com cerca de 70 funcionários, é a Santa Casa da Misericórdia.Dispersa por uma área de 30 quilómetros quadrados, que se estendem por montes e vales, a freguesia do Sardoal, inclui as aldeias de Andreus, Cabeça das Mós, S. Simão, Entrevinhas e muitos lugares, para além de algumas casas dispersas. No total, segundo o censos de 2001, a população residente é de 2.314 habitantes a que correspondem cerca de 2.000 eleitores, o que denota o envelhecimento da população.“Temos de facto uma povoação muito envelhecida” confirma o presidente da junta de freguesia, Arnaldo Silva Cardoso (PSD), que acrescenta: “O lar da Misericórdia tem 30 camas e uma lista de espera que é o dobro da sua capacidade”. A Misericórdia e a junta de freguesia trabalham em conjunto na assistência social. Uma colaboração comum em muitas localidades, mas que no Sardoal se torna mais efectiva, dado que dois dos elementos da junta, um deles o presidente, pertencem à Misericórdia. E, no apoio aos idosos, ambas as entidades apostam num serviço nocturno que resolva o problema dos idosos isolados, um serviço que poderá ser instalado num dos edifícios da Santa Casa.Numa autarquia coberta de floresta, os caminhos rurais e florestais exigem constante manutenção que a junta em colaboração com a câmara vai tentando limpar e cuidar. A dispersão é também um dos problemas, mas, segundo o presidente da junta, não há nenhuma aldeia isolada, nem sem as infraestruturas básicas: “Todas têm luz, água potável e saneamento básico, com tratamento de efluentes”.Pior do que tudo é a escassez de transportes, “isso é o nosso calcanhar de Aquiles”. O Sardoal é servido por transportes públicos duas vezes por dia, uma carreira de manhã e outra à noite. Quem quiser ir a Abrantes, que fica a meia dúzia de quilómetros, ou se desloca por meios próprios ou perde um dia. “Dantes as freguesias das Fontes, do Souto, do Carvalhal e até de Mouriscas, no concelho de Abrantes, faziam o abastecimento no mercado do Sardoal. Depois a nossa vizinha Abrantes desviou as carreiras para a estrada dos Beirins e essas populações deixaram de ter ligação ao Sardoal”, conta o autarca.Abrantes e Sardoal têm algumas rivalidades ancestrais. O convento de Nossa Senhora da Caridade, de frades franciscanos, foi construído no Sardoal pelo desentendimento com a cidade vizinha. Ao que consta havia um convento na Abrançalha (Abrantes) a que recorria a população do Sardoal. Abrantes cresceu e o convento foi para lá e foi então que os sardoalenses exigiram que houvesse frades no Sardoal, porque para Abrantes não queriam ir.Margarida Trincão
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