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Família carenciada arrisca-se a ficar sem tecto

Nove pessoas vivem em condições miseráveis nos arredores de Santarém

Uma família de nove pessoas vive em condições miseráveis numa barraca às portas de Santarém. Além da falta de água canalizada e casa de banho, as poucas divisões estão repletas de humidade. Como se não bastasse, o senhorio ameaça com o despejo por falta de pagamento da renda.

Uma mulher vive com seis filhos e duas noras em condições deploráveis nos arredores de Santarém. Num imóvel com meia dúzia de divisões, convivem com frio e chuva, no meio de ratos, num local que dificilmente se pode designar de casa. Os filhos, com idades entre os 4 e os 23 anos, e noras dizem que não conseguem arranjar trabalho e vão abandonando a escola a pouco e pouco com vergonha da sua condição social. Um dos filhos, de 16 anos, é que tratou de cimentar paredes e instalar electricidade, conferindo à casa um aspecto mais humano. O espaço é um conjunto de paredes com telhado que nem sequer protege da chuva, onde o frio se sente na pele e onde ainda se toma banho de alguidar, à moda antiga. De resto, na entrada quatro bidões de água armazenam um líquido turvo que serve para os banhos.A única forma que a família tem de se abastecer de água é retirando-a de uma boca-de-incêndio situada mesmo em frente ao portão da casa. A electricidade é extraída de um poste próximo e assim se consegue manter a “chama acesa”.Para Célia Arroteia a única situação positiva é a solidariedade de alguns amigos que vão prestando apoio com comida e ajudas aos filhos. “Uma vizinha que tem um restaurante é que nos dá restos que vão sobrando que por, vezes, também não chegam para todos”, salienta. Separada do companheiro há cerca um ano, Célia Arroteia tem vivido grandes dificuldades com os cerca de 400 euros que lhe são atribuídos sob forma de Rendimento Social de Inserção (RSI). Daí que tenha oito rendas mensais em atraso, no valor global de mil euros, para liquidar. O que lhe valeu a ameaça de despejo por parte do senhorio. Senhorio tentou tudoO MIRANTE recebeu do senhorio, Manuel Marques, através das sua advogada, a explicação de que a inquilina deixou de pagar a renda a partir do momento em que o companheiro saiu de casa, tendo-se, no entanto, comprometido a fazê-lo até final de Fevereiro de 2004. O que não veio a acontecer.Segundo se explica no fax chegado à nossa redacção, a inquilina poderá ficar na casa desde que salde a dívida em atraso e se comprometa a pagar as rendas vindouras, assegurando-se ainda que a Célia Arroteia não tem respondido a telefonemas e visitas do senhorio. No fax indica-se ainda que, de início, se detectou a necessidade de proceder a obras de melhoramentos na casa, que a inquilina se terá comprometido a realizar.Contactado por O MIRANTE, o director do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social (CDSSSS), António Campos, recordou que o caso em questão já mereceu a atenção dos serviços que dirige. “A última vez que a senhora cá esteve foi em Janeiro para pedir apoio judiciário para o divórcio. Entretanto tem recebido 453 euros de RSI, tendo-nos afirmado que a Câmara de Santarém estava a tentar solucionar o problema da casa”, recorda o máximo responsável do CDSSSS.Ainda segundo António Campos a moradora ainda está a tempo de solicitar apoio à habitação na Segurança Social, podendo ser reanalisado o processo. Também o RSI é reavaliado anualmente, estando dependente das condições das famílias, “já que os apoios não podem ser atribuídos ad eternum”, avisou.Dos Serviços de Acção Social (SAS) da Câmara de Santarém também nos esclareceram que, em devido tempo, foi prestado apoio ao arrendamento aquela família, não havendo qualquer pedido em relação a disponibilidade de habitações.De acordo com Elisabete Filipe, dos SAS, não havia conhecimento que o agregado familiar estivesse agora tão alargado, mas assegurou que os serviços irão avaliar de novo a situação em que vive a família.

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