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Irregularidades no quartel

Irregularidades no quartel

Presidente da câmara substituiu comandante dos bombeiros municipais perante as críticas da oposição

O presidente da Câmara de Coruche demitiu o comandante dos bombeiros municipais alegando a prática de irregularidades referente ao pagamento de “gratificados”. O visado contesta e diz que não se considera demitido.

Rafael Rodrigues é, desde 1 de Abril, o novo comandante dos Bombeiros Municipais de Coruche (BMC), em substituição de António Moreira da Silva, demitido pelo presidente da câmara no dia anterior. Na origem da mudança está a alegada prática de irregularidades administrativas detectadas por um inquérito interno, concluído ainda em 2003. Averiguação, segundo a qual Moreira da Silva depositaria cheques emitidos pela autarquia numa conta particular para, posteriormente, pagar “gratificados” aos elementos da corporação que chegavam a atingir os 25 mil euros por mês.“Foi uma acção que estava pensada efectuar durante 2004 porque em causa estava uma forma incorrecta de gerir os dinheiros públicos”, afirmou a O MIRANTE o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), acrescentando que os “gratificados” eram entregues, individualmente, aos elementos da corporação sem emissão recibo.Quanto à nomeação de Rafael Rodrigues - que é contestada pela CDU que acusa o presidente da câmara de estar a partidarizar o cargo -, Dionísio Mendes lembrou que a decisão teve o parecer favorável de dois secretários de Estado e que se trata de uma pessoa com o perfil e experiência profissional adequados à função. Rafael Rodrigues está nomeado para os próximos seis meses, enquanto se procede à abertura de concurso público para preenchimento do lugar. Função que irá acumular com a de responsável do Serviço Municipal de Protecção Civil. O novo comandante vai ganhar 90 por cento do vencimento de um chefe de divisão, pouco mais de 2.300 euros. Acto ilegal Em apenas algumas horas, António Moreira da Silva foi demitido por Dionísio Mendes, pondo fim a 36 anos de carreira ao serviço dos BMC e reassumindo, no dia seguinte, o lugar de técnico especialista principal na Biblioteca Municipal de Coruche.Mas Moreira da Silva não se considera demitido e considera o seu afastamento e a nomeação de Rafael Rodrigues um acto ilegal. Segundo explica, é necessária uma deliberação da câmara e que tal lhe seja comunicado, para que cesse funções. Por isso, promete apresentar o caso ao Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) e Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP). Quanto às alegadas irregularidades cometidas, Moreira da Silva recorda que apenas efectuava uma relação das actividades de cada elemento dos bombeiros, levantando posteriormente o montante do banco, enquanto o segundo comandante efectuava os pagamentos dos “gratificados”.“Se houve algum procedimento administrativo incorrecto deve assacar-se essa responsabilidade à câmara que nunca soube como proceder”, refere, adiantando nada ter feito em seu benefício.Para o PCP de Coruche, a demissão de Moreira da Silva não tem justificação, face à competência e eficácia demonstradas pelo ex-comandante ao longo de várias décadas de serviço.Para o porta-voz do PCP, Armando Rodrigues, está em causa a forma e conteúdo da demissão, “porque o presidente da câmara anda a escolher pessoas na sua afinidade política para os cargos de maior responsabilidade”, apontou. Uma situação que, no entender dos comunistas, pode suscitar instabilidade, desmotivação e descontentamento entre a corporação de bombeiros.
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