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Vereador de Tomar sente-se “alvo a abater”

Ivo Santos diz que o querem ligar a ex-colega acusado de coacção sexual

O vereador da Câmara de Tomar, Ivo Santos, que “herdou” alguns dos pelouros do ex-colega, António Fidalgo, acusado de coacção sexual na pessoa de quatro funcionárias, diz-se vítima de calúnias e perseguições. O autarca admite ser um “obstáculo” para muitas pessoas, mesmo do seu próprio partido.

Sem saber como, Ivo Santos, o vereador da Câmara Municipal de Tomar herdeiro de alguns dos pelouros do ex-colega António Fidalgo, que renunciou ao cargo depois de ter sido acusado de coacção sexual por quatro funcionárias da autarquia, viu-se envolvido na trama, após uma das alegadas vítimas ter referido o seu nome na primeira audiência do julgamento, que se iniciou a 22 de Março.Desde essa altura Ivo Santos não mais teve um minuto de descanso, apesar de ter tentado minimizar a questão. Em tribunal, a queixosa afirmou que quando António Fidalgo alegadamente a forçou a actos menos próprios terá dito que queria ter o mesmo tipo de tratamento que ela dava a Ivo Santos, na altura a trabalhar como avençado no gabinete do ex-vereador. Apesar da funcionária, actualmente hierarquicamente dependente de Ivo Santos, nunca o ter acusado, uma revista cor de rosa (Maria) pegou no assunto na última semana, deixando o vereador com os nervos em franja. Sem adiantar nomes a revista refere-se a “um elemento do executivo que exerceu funções de assessor do vereador acusado” como estando também envolvido nos actos de assédio sexual, tendo como base declarações anónimas de uma funcionária camarária.No mandato anterior, Ivo Santos teve um contrato de prestação de serviços com o sector de educação da câmara, liderado por António Fidalgo. E, em Tomar, era conhecido como assessor do ex-vereador.A denúncia anónima quase levou o actual vereador - considerado por muitos como o “delfim” do presidente da câmara, - a renunciar ao seu mandato. Mas uma conversa com António Paiva parece ter resolvido essa questão. Mas não outras.O vereador sente-se abalado e revoltado com o que considera ser algo “premeditado” para o prejudicar. Em declarações a O MIRANTE Ivo Santos diz sentir que o estão a tentar “enrolar” numa coisa em que nunca esteve envolvido.E apesar de preferir não falar em cabala, diz não acreditar que em política as coisas aconteçam por acaso. “Tenho a noção que actualmente sou um obstáculo para muitas pessoas, mesmo dentro do meu partido”. O autarca afirma saber quem são essas pessoas, mas não adianta nomes porque “não quer fazer guerra com ninguém”.Sobre o seu eventual afastamento da autarquia, o vereador com o pelouro da biblioteca, feiras e mercados e higiene refere que não irá abdicar do seu lugar, apesar de neste momento achar ser isso o que algumas pessoas pretendem.“Não quero fazer mais nenhum mandato e esta minha decisão não é de agora, já o disse o ano passado”, diz Ivo Santos, acrescentando que quer continuar a sua carreira como professor.Apesar de circular na cidade o rumor de que Ivo Santos tinha apresentado uma carta de renúncia ao presidente do executivo, o vereador desmente e diz nunca ter ponderado a renúncia.“É claro que estou abalado porque não estava à espera de uma coisa destas”, afirma. Mas apesar de “incomodado”, “desapontado” e “desiludido” com as calúnias de que tem sido alvo, Ivo Santos reitera que continuará a exercer as suas funções até ao final do mandato. “Não vou deixar que isto seja mais forte do que eu”.O vereador classifica como “ficção” a tentativa de ligarem o seu nome à situação que arrastou António Fidalgo para a barra do tribunal e adianta que “estão a ir longe demais” para o tentar atingir politicamente. Ainda por cima quando ele é testemunha no processo, arrolado pelo Ministério Público.Admite sempre ter sentido alguns anticorpos desde que subiu a vereador, talvez por ter apenas 37 anos, ter conquistado a confiança do presidente da autarquia e ter mostrado trabalho.“Esta é uma mentira que mexe comigo, mas também mexe com a minha família, com a minha mulher, os meus filhos, os meus pais. Ainda por cima é feita sob anonimato. Se alguém tem algo contra mim que mo diga na cara. Se não tem, então que me deixe trabalhar em paz”, desabafa.Margarida Cabeleira

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