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A morte do Lidador na Quinta da Cardiga

A morte do Lidador na Quinta da Cardiga

Fatias de Cá estreiam nova peça em espaço nunca antes aberto ao público
Os tempos da fundação da nacionalidade voltam à Quinta da Cardiga, na Golegã, com a representação teatral da morte de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador. A peça representada pelo grupo Fatias de Cá, estreou a 15 de Abril e estará em cena todas as quintas-feiras, até 10 de Junho, no mesmo espaço.Como é habitual nas peças do grupo de Tomar, a representação decorre em vários espaços que os actores, seguidos pelos espectadores, percorrem. No caso de “A Morte do Lidador” as primeiras cenas passam-se num dos pátios interiores do palácio, onde o velho Gonçalo Mendes da Maia diz aos seus homens que vai enfrentar o temível Ali-Abu-Hassam. A restante representação decorre em campo aberto, a batalha que põe termo à vida do velho fronteiro de Beja e do grande chefe muçulmano, as exéquias fúnebres do Lidador nos jardins e de novo a entrada no palácio. O som da harpa tocada ao vivo recebe os espectadores no pátio de entrada do edifício nunca antes aberto ao público. Pertença dos herdeiros da condessa de Murça e de Rui Sommer d’Andrade, a casa da Cardiga está desabitada há cerca de 30 anos e a degradação é bem visível nos telhados cobertos de ervas, nas janelas de sacada semi-abertas ou nas paredes marcadas pela humidade.O destino do palácio poderá ser um hotel de luxo, mas é necessário divulgar e lembrar a potenciais investidores que a Quinta da Cardiga, de origem templária, existe. Chamar a atenção para este património foi a intenção de Rui Sommer d’Andrade quando propôs ao grupo de Tomar representar “A Morte do Lidador” na Cardiga. “Conheço o trabalho do grupo e achei que a Cardiga era um óptimo espaço para representar uma peça como a morte do Lidador”, diz Sommer d’Andrade. O Fatias de Cá aceitou o desafio e fez uma contraproposta: Rui d’Andrade seria o protagonista da peça. “Dessa não estava à espera, nunca fui actor nem contava sê-lo, mas como conheço bem o texto de Alexandre Herculano e como fui oficial do exército não me foi difícil encarnar o personagem”, conta o “Lidador”.A peça, que envolve a participação de grande número de cavaleiros e homens de armas, conta com a participação do Clube de Teatro da Escola D. Maria II, da Barquinha, da Escola de Equitação Tradicional Portuguesa, do Grupo Vocal Lux Aeterna, de Lisboa, da Sala de Armas da Academia de Santo Amaro, de Lisboa, para além dos actores do grupo. “Montámos o espectáculo em muito pouco tempo”, confessava Carlos Carvalheiro, encenador do Fatias de Cá, ainda com o nervosismo da estreia que preferiu classificar de ensaio geral. “Foi o ensaio geral para nós e para o público”, dizia já depois dos guerreiros terem arrumado as armas e ficarem livres dos coletes de malha de aço.A voz off de Carlos Carvalheiro, difundida por colunas dispersas pelo campo da batalha, narra os ataques, os ferimentos e as baixas infligidas nas tropas cristãs e mouras, enquanto num dos torreões do palácio o Grupo Vocal Lux Aeterna entoa cânticos com música de Hans Zimmer.Os bilhetes para a representação custam 25 euros e como é habitual incluem jantar. Desta vez na cozinha da casa da Cardiga, que ainda conserva sob o tecto abobadado a grande mesa de mármore, o majestoso lava-loiças também em mármore e um fogão de lenha arrefecido há muitos anos. Margarida Trincão
A morte do Lidador na Quinta da Cardiga

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