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Filha do homicida denuncia perseguição e maus tratos

Filha do homicida denuncia perseguição e maus tratos

Julgamento do pedreiro de Povos que matou a mulher e um vizinho
Uma filha do pedreiro de Povos que matou a mulher e um vizinho acusou o pai de maltratar e de perseguir a ex-mulher e de manter “casos” com outras mulheres. O arguido pode ser condenado à pena máxima de 25 anos Um pedreiro de 49 anos responde no Tribunal de Vila Franca de Xira por dois crimes de homicídio qualificado. Vítor Madeira Sousa, conhecido por “Viseu”, já confessou ser o autor do duplo homicídio da ex-mulher, Mariana Eugénia Almeida, de 47 anos, e de um comerciante vizinho, Dionísio Almeida de 43 anos. O crime aconteceu no dia 5 de Maio de 2003, em Povos, Vila Franca de Xira.A filha mais velha do arguido negou a hipótese da mãe manter qualquer relacionamento amoroso com o comerciante, uma vez que o ex-marido não o permitia. “A minha mãe não podia relacionar-se com ninguém, porque o meu pai não deixava. Passava a vida a espiá-la”, contou.Quanto aos alegados maus tratos, Carla Almeida acusou o pai de bater tanto na mulher como nas filhas, enquanto viviam todos juntos. A testemunha explicou ao colectivo de juízes que os pais estavam divorciados há oito anos, mas só há quatro e depois de uma violenta discussão com agressões a Mariana Almeida, é que o casal se tinha separado de vez. Uma versão diferente da do arguido que, na primeira sessão, disse ao colectivo que só estava separado no registo e mantinha uma união de facto com a mulher. Apesar de não falar nem manter qualquer relacionamento com o pai, Carla Almeida acusou-o de manter dentro e fora do casamento, relações com outras mulheres. O advogado de defesa do arguido contestou a acusação, e para além de frisar a falta de ligação entre a filha e o pai, relembrou ainda ao colectivo a falta de provas.Dor de filhaNesta segunda sessão de julgamento coube ainda à filha mais velha de Mariana Almeida, a descrição do que viu após os disparos que originaram a morte da sua mãe. Comovida, Carla Almeida contou em viva voz o que presenciou, chocando os familiares presentes.“Ouvi um pedido de socorro. Ajudem-me, não me mates! Percebi de imediato que era a minha mãe”, disse. Hesitou alguns segundos, para decidir se levava consigo a sua filha de três anos, e quando já estava a descer as escadas do prédio ouviu dois tiros.Já no local, ainda chegou a ver uma carrinha em fuga, e lembra-se da mãe, ainda consciente, ter acusado o ex-marido da autoria dos disparos. Já depois de contactar os bombeiros tentou seguir as instruções dadas, e virou a mãe de barriga para cima, numa tentativa de lhe estancar o sangue. “É a pior imagem que retenho até hoje”, confessou, impressionada com os danos causados pelos tiros a curta distância. Segundo afirmou em tribunal, dias antes do sucedido Carla Almeida até tinha comentado com a mãe que estava a achar estranho o pai andar tão calmo. “Achei falta das perseguições e até comentei que ele devia de andar a preparar alguma”, relembrou. Ainda segundo a filha mais velha do casal, um ano e meio antes da tragédia Carlos Sousa já tinha tentado matar a ex-mulher. Na altura valeu-lhe o facto da arma, encostada ao peito, não ter disparado. Quanto a provas, o advogado de defesa salientou, uma vez mais, que Carla se baseou apenas no testemunho da mãe, não existindo provas concretas do sucedido.A filha de Dionísio Almeida, o comerciante morto pelo arguido, também negou uma possível relação entre Dionísio e Mariana Almeida.Dionísio Almeida, de 43 anos, dono da loja de tintas “DineuPinta”, em Povos, foi baleado pelo arguido à porta do seu estabelecimento comercial.Quem testemunhou os acontecimentos confirmou a autoria dos crimes e salientou a aparente segurança de Carlos Sousa. “O arguido pareceu estar seguro de si, porque fez tudo de uma forma muito rápida, até no carregar da arma”, comentou Ana Cristina Leitão, moradora no prédio onde se situava a loja do comerciante baleado.José Duarte, outras das testemunhas, confirmou em tribunal ter vendido uma viatura ao arguido, que na altura lhe exigiu que o carro viesse com uma película exterior a tapar os vidros. A testemunha não associou esse facto aos crimes e afirmou que tomava Carlos Sousa por uma pessoa calma, simpática, e sem problemas com a polícia.Carlos Sousa, que afirmou em tribunal que só não pôs termo à vida porque não tinha mais cartuchos, corre agora o risco de ser condenado a uma pena de 25 anos, o castigo máximo aplicável em Portugal. A próxima sessão está já marcada para o dia 4 de Maio.
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