Doze anos de prisão para ucraniano que matou mulher à facada
Familiares da vítima queriam pena mais pesada
O ucraniano que esfaqueou até à morte uma mulher de 34 anos em Alverca foi condenado a 12 anos de prisão. A família da vítima ficou indignada e espera que o Ministério Público recorra da sentença.
Hynda Bohdan, imigrante do Leste europeu, foi condenado a 12 anos de prisão por ter esfaqueado até à morte uma mulher de 34 anos. O acórdão, lido quarta-feira, 28 de Abril, no tribunal de Vila Franca de Xira, indignou a família da vítima, que continua a achar que não foi feita justiça.Clara Filomena Guedelha, mãe de duas crianças de 9 e 14 anos, foi morta numa moradia do bairro do Bom Sucesso, na freguesia de Alverca do Ribatejo, em 12 de Junho de 2003. O crime aconteceu depois de uma noite de copos e convívio em que esteve envolvida a vítima, o agressor e dois outros imigrantes de Leste.O arguido, de 42 anos de idade, com mais de 1,80m de altura e entroncado, nunca se deu como culpado, alegando não se lembrar de nada, uma vez que na noite dos factos estava embriagado e apresentava uma taxa de alcoolemia de 4,75g/l. Dadas as dúvidas quanto à motivação do crime, o colectivo de juizes considerou o arguido como autor de um homicídio simples, cuja moldura penal vai dos 8 aos 16 anos de prisão, em vez dos 25 anos previstos como pena máxima para o homicídio qualificado.Não deixou, no entanto, de sublinhar a violência do acto. Ficou provado que a morte de Clara Guedelha se deveu a hemorragias internas e externas, provocadas pelos múltiplos golpes desferidos nas zonas pélvica e abdominal, por um objecto contundente. Alguns desses golpes tinham mais de 15 centímetros de profundidade, segundo apurou o tribunal. Hynda Bohdan trabalhava legalmente em Portugal há três anos, tendo deixado na Ucrânia a mulher e uma filha de 13 anos. Apesar do arguido não ter quaisquer antecedentes criminais e de ser considerado pelos colegas como uma pessoa simpática, calma, educada e muito dada, o tribunal concluiu que, “enquanto golpeava a vítima na zona pélvica, o arguido fê-lo com gozo”. Após o cumprimento da pena o arguido será expulso de Portugal e ficará impedido de regressar nos cinco anos seguintes.Os pais da vítima consideraram a pena demasiado leve. Olímpia Guedelha, ainda na sala de audiências, não escondeu a sua revolta e lamentou não poder fazer justiça pelas próprias mãos. “A minha vontade era matar esse cão”. O pai, Mário Guedelha, também estava indignado com o que considera ser a brandura do tribunal. “Vivi largos anos em Angola, um país do terceiro mundo, mas lá ao menos a justiça é aplicada. Eu vi o estado em que a minha filha ficou. Como é que ele só apanha 12 anos?”, interrogou-se.Os irmãos da vítima assistiram à leitura da sentença com serenidade, mas no final consideraram que a pena deveria ser mais pesada.Na leitura da sentença, a juiz presidente, Cristina Coelho frisou o aumento da prática de crimes violentos perpetuados por cidadãos imigrantes e realçou a necessidade de tomar medidas na política de imigração.A família enlutada queria apelar ao Tribunal da Relação, mas não o poderá fazer porque não constituiu assistente no prazo estabelecido. A família espera que o Ministério Publico recorra do acórdão. O procurador Vítor Paiva disse a O MIRANTE que vai estudar o acórdão para tomar a decisãoA família não fez pedido de indemnização cível dentro dos prazos estabelecidos e perdeu assim a oportunidade de receber qualquer valor pelos prejuízos causados. Quanto aos filhos da vítima devem receber uma prestação complementar da segurança social pela perda da mãe.
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