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Fossas despejadas para onde calhou

Fossas despejadas para onde calhou

Funcionários da Câmara de Santarém não estiveram com trabalhos na Moçarria

Dois funcionários da Câmara de Santarém não estiveram com meias medidas e despejaram dejectos e gorduras que recolheram de fossas sépticas em terrenos e valetas.

Eram pouco mais de oito horas da manhã de quarta-feira, 21 de Abril, quando dois funcionários dos serviços de saneamento da Câmara de Santarém se deslocaram a casa de José Guedes, na Moçarria, para esvaziar a fossa séptica, que estava no máximo de capacidade.Chegados ao número 32 da rua Vila Nova, colocaram a bomba em funcionamento e tiraram da fossa, localizada nas traseiras da casa, cerca de 18 mil litros de dejectos. Até aí tudo normal. Estranho foi o pedido que fizeram à esposa de José Guedes, o dono da casa estava ausente, para despejar a carga num terreno contíguo. Os funcionários terão alegado que o regresso a Santarém - onde deveriam despejar os esgotos na zona industrial - seria uma perda de tempo, acabando por convencer a proprietária e despejar tudo ali mesmo. Pouco depois, José Guedes chegou a casa e ficou revoltado com a situação.“Se esvaziam fossas para despejar a matéria no terreno das pessoas, eu não preciso. Tenho uma bomba e faço eu o trabalho sem ter que pagar nada”, desabafou José Guedes a O MIRANTE.O mesmo morador diz que, para agravar a situação, foram despejados no terreno dejectos e gorduras de detergentes das máquinas de lavar. “Aí é que eles bateram com a mão na cabeça e viram o que fizeram”, recordou.José Guedes teve de pedir uma rectroescavadora emprestada para remexer um pouco as terras para que a matéria e o cheiro desaparecessem com mais facilidade. A chuva, que caiu o todo o dia, tembám deu uma ajuda.“Se um primo meu há tempos pagou 25 euros por esvaziarem seis mil litros da fossa, com 18 mil litros, se calhar pedem o triplo. Por isso, estou a ponderar seriamente em não o fazer”, advertiu José Guedes.Mas não foi só na sua casa que os funcionários procederam daquela maneira. Segundo relatos da população, minutos antes estiveram no centro de dia da freguesia, acabando por despejar a matéria da fossa numa valeta junto à estrada.O presidente da Junta de Freguesia da Moçarria recebeu queixas de moradores sobre o sucedido e manifestou a O MIRANTE não compreender por que razão os funcionários da câmara procederam de forma incorrecta. Carlos Beja já reuniu com o vereador da Câmara de Santarém, Manuel Afonso, para apurar as razões do sucedido. “O saneamento básico é uma prioridade para esta freguesia e esperamos que, de acordo com o plano da autarquia, se inicie o projecto ainda em 2004”, indicou. Recorde-se que a Moçarria tem cerca de 1500 habitantes e não existe saneamento básico.Em declarações a O MIRANTE, Manuel Afonso considerou o despejo de matéria das fossas sépticas em terrenos uma acção inaceitável. De acordo com o autarca, os funcionários que fazem a limpeza das fossas têm instruções para despejar a matéria em tampas de esgoto situadas na zona industrial da cidade, sendo a matéria depois conduzida até à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).“A confirmar-se a situação trata-se de um acto abusivo e não aceitamos isso. Por isso vamos realizar um inquérito interno e apurar responsabilidades”, assegurou o vereador, acrescentando que, perante tal cenário, não se põe a questão de cobrar aos moradores o “serviço” de esgota-fossas efectuado na Moçarria.
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