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Ficou sem apartamento e sem dinheiro

Ficou sem apartamento e sem dinheiro

Médico de Alverca acusado de usurpar bens a idosa

Uma idosa de 83 anos, analfabeta, ficou sem o apartamento onde vivia e sem 17 mil euros que tinha numa conta bancária. A alegada burla ocorreu em Alverca. O filho da lesada aponta o dedo a um médico e a uma cúmplice.

Um médico de Alverca do Ribatejo e uma alegada cúmplice são acusados de se terem apropriado indevidamente de um apartamento e de 17 mil euros que eram propriedade de uma idosa de 83 anos, residente nessa cidade. A acusação é feita pelo filho da octogenária, Augusto Loureiro, que já apresentou queixa na PSP, na Polícia Judiciária e fez entrar uma queixa-crime no Ministério Público do Tribunal de Vila Franca de Xira. A idosa encontra-se internada num lar de Cachoeiras, Vila Franca de Xira, tendo o filho assumido a luta judicial contra os alegados burlões. O clínico acusado, David Oliveira Eusébio, que exerce medicina numa clínica privada em Alverca do Ribatejo, e uma alegada cúmplice de nome Isabel Deus, a residir em São João da Talha, “terão alegadamente actuado em conjunto”, segundo nos explicou Augusto Loureiro. Enquanto que o médico prestava alguns cuidados de saúde à idosa Gracinda Neves Romão, Isabel Deus era responsável pela guarda, em sua própria casa, da octogenária. A situação aconteceu em Fevereiro passado. Mas só recentemente o filho se terá apercebido do sucedido, pois Augusto Loureiro é emigrante há vários anos em França. Segundo o queixoso, o referido médico “terá começado a ir a casa de sua mãe para lhe prestar alguns cuidados de saúde”. E, de um momento para o outro, Gracinda Romão é levada para casa de Isabel Deus. Além de “não considerar normal o facto de terem levado a mãe para casa de uma pessoa que desconhece”, qual não foi o espanto do filho quando se apercebe que o apartamento da mãe - um oitavo andar situado na Rua da Juventude em Alverca do Ribatejo - está agora registado em nome do médico e que os 17 mil euros que se encontravam numa conta da idosa foram transferidos para a conta de Isabel Deus.Ao chegar a Portugal, Augusto Loureiro tentou contactar o médico para lhe pedir satisfações pelo sucedido, mas todas as tentativas foram infrutíferas, pois David Eusébio nunca terá querido prestar qualquer esclarecimento. “Limitou-se a dizer-me que já estava farto de histórias destas”, disse. O mesmo já não aconteceu com Isabel Deus que, ao ser interceptada pela PSP, sentiu-se na obrigação de passar dois cheques à frente das autoridades com a intenção de devolver o dinheiro ao queixoso. Só que os dois cheques acabam por ser devolvidos pelo Banco de Portugal já que foram dados como extraviados por Isabel Deus. Quanto ao apartamento, avaliado em 100 mil euros, tem agora como “proprietário o médico David Eusébio e, curiosamente, como testemunha da compra Isabel Deus”, explicou Augusto Loureiro a O MIRANTE. “Para compor toda a situação, a fechadura da porta do apartamento foi mudada e todos os bens pessoais da minha mãe encontram-se no seu interior”, afirmou o queixoso ao nosso jornal, acrescentando: “É uma clara usurpação de bens, pois já falei com a minha mãe e ela assegurou-me que nunca quis vender o apartamento nem dar os 17 mil euros que tinha na sua conta”. A idosa, em conversa tida com O MIRANTE esta terça-feira, no lar onde se encontra, confirmou a versão do filho.“Além disso, neste caso nem se poderá falar em vender o apartamento, pois não existe dinheiro nenhum que possa comprovar isso mesmo”, acrescentou Augusto Loureiro. Segundo apurámos, como a octogenária é analfabeta, tanto a alegada venda como a transferência do dinheiro só foram possíveis porque foi colocada uma impressão digital, supostamente da idosa, nos documentos necessários, designadamente na escritura. Ao ser confrontado com as acusações de que é alvo, o médico David Eusébio limitou-se a dizer ao jornalista que “estava fechado para obras”, e que “se for publicada alguma coisa terei de o meter em tribunal”. Concluindo com a frase: “Cuidado porque isto pode ficar feio!”. Quanto a Isabel Deus, apesar de várias tentativas para conseguirmos ouvir a sua versão, foi-nos impossível por estar sempre incontactável.Mário Gonçalves
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