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Todos os caminhos vão dar a Fátima

Todos os caminhos vão dar a Fátima

Milhares de peregrinos nas estradas do distrito, rumo ao santuário

Juntam-se em grupos para a caminhada, muitas vezes de centenas de quilómetros, parecer menos difícil. São os peregrinos que nos dias que antecedem o 13 de Maio enchem as principais estradas da região.

Passava pouco das quatro da tarde de segunda-feira quando Dulce Pereira passou a placa que assinala a entrada da cidade de Almeirim. Faltavam poucos quilómetros para cumprir mais uma etapa da peregrinação que a fará chegar ao Santuário de Fátima na quarta-feira à tarde. Dulce é apenas um entre os milhares dos peregrinos que anualmente acorrem a Fátima, numa manifestação de fé e sacrifício.Chegou de França na sexta-feira e na segunda iniciou nova maratona, trocando o automóvel por uma caminhada de fé. É a segunda vez que Dulce Pereira, cozinheira num restaurante de comida tradicional portuguesa na região de Alsácia, vai a pé de Coruche, sua vila natal, até à terra onde Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos. Das duas vezes veio propositadamente de França para acompanhar a cunhada, Clarisse, nos cerca de 100 quilómetros que separam as duas localidades. É a fé que as move. A mesma Fé de milhares de peregrinos que nos dias que antecedem o 13 de Maio, data da primeira aparição, percorrem as estradas da região com um único destino – o Santuário de Fátima.As promessas que se fazem em momentos de aflição levam todos os anos milhares de peregrinos até Fátima. Mas este ano os crentes levam também outros pedidos a Nossa Senhora, como a paz no mundo e um Portugal melhor.“Todos os anos peço paz para o mundo mas se calhar tenho de pedir com mais fervor”, diz António Manuel, reportando-se aos recentes atentados a nível mundial protagonizados por grupos extremistas. Mas no grupo ninguém acredita que possa acontecer algum atentado em Fátima. “Estamos seguros pela Nossa Senhora”.Católico praticante, António Manuel é o organizador da peregrinação que no sábado saiu da Aldeia da Lua, concelho de Vimieiro, no Alentejo. Em Pavia, juntaram-se a outro grupo, mais pequeno, perfazendo 26 pessoas, apenas duas com menos de 30 anos.É António Manuel que, de cruz de madeira em punho, chama o “rebanho” de regresso à estrada, para fazerem mais uns quilómetros até Almeirim, onde iam pernoitar.“Vou pedir a Nossa Senhora que dê comida e aconchego aos pobres. Por mim ninguém havia de ter fome no mundo”, diz Benvinda Salgueiro, uma das companheiras da caminhada, adiantando que quem vai a Fátima vai pedir pelo bem, não pelo mal. Joaquim Condesso, comerciante no Vimieiro, é daquelas pessoas que sempre disse que ir a pé a Fátima “é coisa de malucos”. Na segunda-feira estava junto à tenda de apoio da Associação Búzios, montada na Raposa, concelho de Almeirim, a descansar as pernas. Em 2003 a filha teve uma doença e Joaquim prometeu a Nossa Senhora de Fátima que, se ela melhorasse, ia a pé ao santuário. A filha recuperou e Joaquim cumpriu a promessa. Este ano veio novamente, sem promessas mas com o verdadeiro espírito de peregrino. Ele que antes achava maluquinho quem o fazia.Quem faz promessas raramente gosta de falar delas. Como Pedro Pardal, o mais novo dos peregrinos do Vimieiro. “Não posso dizer qual é a minha promessa, só depois de a pagar”, diz, enquanto faz uma cara de dor e deixa soltar um “ai”. O que é que lhe dói, pergunta-se e a resposta sai rápida: “Tudo, até as orelhas”.Margarida Cabeleira
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