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Agredidos em serviço

António Costa é um dos elementos da GNR vítima de violência no exercício da profissão

Ao fim de 13 anos de serviço, o cabo da GNR de Almeirim António Costa sentiu pela primeira vez a vida em perigo. As agressões de que foi alvo atiraram-no para o livro das estatísticas do destacamento de Santarém da Guarda. Este ano já se contabilizam cinco casos.

As cenas ainda estão bem vivas na memória de António Costa. Tal como as duas marcas na cabeça. O cabo da GNR, a prestar serviço no posto de Almeirim, é um dos cinco elementos da Guarda que fazem parte das estatísticas de agressões a militares do destacamento de Santarém da Guarda no primeiro trimestre deste ano. Foi numa madrugada de domingo do mês de Fevereiro deste ano que o guarda sentiu pela primeira vez a vida em perigo, ao fim de 13 anos de serviço. Um condutor exaltado desferiu-lhe vários murros. Em duas ocasiões tinha uma chave entalada entre os dedos que lhe provocou ferimentos profundos na cabeça. As agressões ocorreram por volta das seis horas de uma madrugada de nevoeiro cerrado. O cabo da GNR participava numa acção de controlo de trânsito na Estrada Nacional 114, à saída de Almeirim. A tarefa do militar consistia em evitar que os automobilistas parassem no local, onde tinha ocorrido um despiste. E assim evitar mais acidentes. Um condutor não gostou de ser impedido de parar e a resposta surgiu pela força. O cabo Costa tinha ordenado ao automobilista que retirasse o carro da via porque representava perigo. As circunstâncias não se prestavam a grandes explicações. Mas o homem, de aparência corpulenta, insistia que queria prestar apoio aos cinco jovens ocupantes da viatura sinistrada e que tinha conhecido num bar naquela noite. Acabou por estacionar o carro uns metros mais à frente, fora da estrada. Dirigiu-se a pé para junto do militar. Como estava vestido de preto, António Costa advertiu-o que não devia andar por ali, uma vez que as condições de visibilidade eram muito reduzidas. Trocaram-se argumentos que degeneraram em violência, com o guarda a ser atingido com um soco na cara. As cenas seguintes roçaram o quadro de um combate de pugilismo. Nem com a voz de prisão, gritada pelo agredido, o condutor esfriou a fúria. Depois de rebolarem pelo chão o guarda conseguiu dominar o alegado agressor. António Costa tinha o sangue a escorrer pela cara e foi transportado ao hospital de Santarém. O condutor foi detido para os calabouços da GNR de Almeirim. O caso está agora no Tribunal de Santarém a aguardar julgamento.Para António Costa estes casos são “ossos do ofício”. E apesar de dizer que a situação não o afectou psicologicamente, o guarda não esquece os tormentos por que passou nos dois meses seguintes à agressão. “Sentia dores. A simples função de conduzir significava um suplício. Tinha o pulso aberto, a cabeça ferida… sentia-me diminuído, fraco”, lembrou. O ano de 2002 foi o pior2002 foi o ano negro em casos de agressões a elementos da GNR a prestar serviço nos postos do distrito de Santarém. Ao todo registaram-se 64 casos de violência verbal e física. Em 2003 os números desceram, mas não deixaram de ser preocupantes. No geral foram violentados 34 militares da guarda. As situações mais frequentes são as de ameaças e injúrias. Apesar de na maioria destes casos não se chegar a vias de facto, há situações que deixam alguma inquietação no ar. Como é o caso das três ameaças com armas de fogo registadas por elementos do posto do Cartaxo em 2002. Na lista seguem-se os casos de ofensas à integridade física com armas brancas e com seringas. O posto de Almeirim registou em 2002 o maior número de ofensas à integridade física, ameaças e injúrias agravadas, no total de oito situações. Em 2003 os postos com mais casos anotados são os de Almeirim (4 situações), de Salvaterra de Magos, Couço (concelho de Coruche), Benavente e Alpiarça (3 cada). Em Ourém, dos dois casos ocorridos, destaque-se uma tentativa de atropelamento a um elemento da GNR local. Este ano, das cinco ocorrências, Pernes, concelho de Santarém, lidera a tabela com dois casos. Um de ameaça e outro de injúria agravada. O posto do Couço volta a figurar da lista fornecida pelo destacamento da GNR de Santarém, com uma situação de ofensa à integridade física qualificada. No Saldoal houve um caso de resistência e coacção sobre um elemento.

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