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Mensagens trocadas dominaram audiência

Mensagens trocadas dominaram audiência

Na terceira sessão do julgamento do vereador da Câmara de Tomar, António Fidalgo

O colectivo de juízes do Tribunal de Tomar debruçou-se, na terceira sessão do julgamento do vereador António Fidalgo, sobre o teor das mensagens trocadas entre o autarca e uma das funcionárias que o acusou de coacção sexual.

A troca de mensagens escritas entre o ex-vereador da Câmara de Tomar, António Fidalgo, e uma das quatro funcionárias que o acusam de coacção sexual, dominou a terceira sessão do julgamento do caso, que decorreu segunda-feira. Durante todo o dia o tribunal procurou esclarecer o teor e o objectivo das mensagens enviadas do telemóvel da assistente, a segunda a ser inquirida, para o arguido. O advogado de defesa de António Fidalgo tentou provar que o relacionamento da fun-cionária ia para além da mera relação institucional e profissional. O causídico Manuel Antão conseguiu a pretensão de juntar ao processo o conteúdo transcrito em papel de uma mensagem enviada pela assistente para o telemóvel do ex-vereador, cujo aparelho ficou à guarda do tribunal. aManuel Antão pretendeu provar que havia uma certa intimidade entre ambos quando em 11 de Abril de 2002, às 15h29, a funcionária da autarquia enviou a mensagem: “Um verdadeiro amigo é aquele que sabe tudo de ti e mesmo assim continua sendo teu amigo”. A defesa sublinhou ainda uma lista de telefonemas feitos do telemóvel de serviço da assistente para o autarca, alguns deles feitos fora das horas de serviço e ao fim de semana. Um dos telefonemas foi feito no sábado, 29 de Junho de 2002, às 22h30. Questionada pelo tribunal sobre esses factos, a funcionária argumentou que na maior parte dos casos os assuntos tinham a ver com questões de trabalho, eventualmente relacionados com a feira de Santa Iria. Mas também admitiu que chegou a enviar mensagens “por brincadeira”.Ficou a saber-se que o vereador costumava dar presentes a título pessoal no dia em que as funcionárias que estavam sob a sua alçada faziam anos. No dia seguinte ao aniversário da assistente, esta aceitou encontrar-se com o ex-vereador num café para receber uma máquina de calcular como prenda. Justificou que foi para o estabelecimento para evitar que António Fidalgo se deslocasse a sua casa, até porque o marido estava fora. A queixosa revelou também que no dia do pai o vereador recebeu um cartão de todas as funcionárias, com o texto: “Desejamos tudo de especial para o pai, amigo e chefe”. Explicou que a ideia partiu da chefe de secção que estava há pouco tempo no cargo e que se calhar queria agradar. Considerando o escrito “descabido”, realçou que foi o clima de pressão que se vivia no gabinete tutelado pelo vereador que a fez subscrever o cartão Esmiuçada na audiência foi também a viagem que esta funcionária fez a França, acompanhando o vereador durante três dias, numa altura em que estaria a ser coagida sexualmente há algum tempo. A assistente explicou que a viagem foi feita em serviço, que dormiram no mesmo hotel, mas em quartos separados. Garantiu que teve receio de ser assediada, mas sublinhou que não aconteceu nada. A funcionária explicou ainda que a sua mãe sabia de tudo desde o início, mas que não se opôs à deslocação. O juiz presidente do colectivo chegou a perguntar à assistente, uma vez que nessa altura já estava a ser assediada, se fazer a viagem não era “quase engolir sapos vivos”. Ao que ela respondeu que só poderia acontecer alguma coisa se ela deixasse. António Fidalgo ouviu todas as declarações sem esboçar qualquer expressão. Com ar sereno, nunca sorriu e passou quase toda a audiência a olhar para o colectivo de juízes. Numa ocasião levantou-se para entregar um papel ao seu advogado, sentado à sua frente. Antes da sessão e nos intervalos, o arguido, envergando fato claro, esteve sempre acompanhado da família.A próxima sessão está marcada para 2 de Junho, às 09h45. A audiência terá lugar durante todo o dia à porta fechada, continuando a ser interrogada a segunda das quatro queixosas.
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