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Abrir o ensino a novos públicos

Abrir o ensino a novos públicos

Entrevista com o presidente do Politécnico de Santarém quando se assinala o 24º aniversário da instituição

Na altura em que se assinala o 24º. aniversário da criação do Instituto Politécnico de Santarém, o presidente da instituição dá conta da evolução registada e traça algumas metas para o futuro. Jorge Justino afirma ainda que não faz sentido criar uma Universidade do Ribatejo a partir dos dois politécnicos existentes na região.

O Instituto Politécnico de Santarém (IPS) começou, há 24 anos, por ministrar cursos com o grau de bacharelato. Actualmente já confere licenciaturas e mestrados. Quais são os novos desafios a esse nível?Há 24 anos o Instituto Politécnico de Santarém iniciava a sua actividade com a Escola Superior Agrária de Santarém, oriunda da antiga Escola de Regentes Agrícolas e a Escola Superior de Educação. Durante os primeiros anos de existência dos Institutos Politécnicos, a única graduação possível era o Bacharelato, com excepção de algumas variantes leccionadas na Escola Superior de Educação. Presentemente os Politécnicos já conferem licenciaturas e a proposta da Lei de Bases da Educação prevê a realização de Cursos de Mestrado para os nossos Institutos e até de Doutoramento em parceria com as Universidades.O Instituto Politécnico de Santarém já proporcionou a rea-lização de Cursos de Mestrado e integrou parcerias em Doutoramentos, sob a responsabilidade de Instituições Universitárias.Há uma grande concorrência no mercado do ensino superior pela captação de estudantes. Quais são as “armas” que o IPS utiliza para cativar potenciais alunos?A presidência do Instituto tem tido uma preocupação constante com a diminuição do número de candidatos ao Ensino Superior. Para superar esta situação, para além da manutenção da qualidade do ensino e da afirmação do prestígio institucional, temos aberto as portas a novos públicos. Para além da formação inicial, têm sido ministrados cursos de formação complementar e pós-graduada. Estamos preparados, também, para dar formação pós-secundária, com cursos breves, recentemente criados pela tutela e orientados para o mercado de trabalho.Há cursos com as vagas todas preenchidas, mas, ao que sabemos, existem outros onde a procura foi residual, designadamente na Escola Agrária. Qual é o ponto da situação a esse nível? Na sua opinião, a que se deve esse fenómeno? A colocação de alunos nas nossas Escolas, este ano lectivo, excedeu as nossas expectativas. É certo que as vagas em alguns cursos não foram completamente preenchidas, mas já há alguns anos que temos mantido um número de alunos entre os 4000 e os 4500.E quanto à situação verificada na Escola Superior Agrária?Relativamente à opção pelas Ciências Agrárias, é um facto que os candidatos, a nível nacional, não se têm sentido motivados por esta área científica. Há que incentivar os jovens, após a formação secundária, a seguirem uma formação técnica ou no domínio das engenharias. No entanto há alguns cursos, nomeadamente na Escola Superior Agrária, como o de Equinicultura, que apesar do preenchimento do número de vagas não ter sido significativo, pensamos que a formação neste domínio tem relevância, dada a sua especificidade e a necessidade ainda crescente, no nosso país, de formação de técnicos nesta área.Pensamos, também, que em alguns casos pontuais, será necessário uma melhor divulgação dos conteúdos programáticos dos cursos e da possibilidade de integração dos diplomados no mercado de trabalho.O IPS tem tido em conta a adaptação dos cursos que ministra à realidade económica e social da região?Um dos principais objectivos do Ensino Superior Politécnico é o de proporcionar uma formação adequada às necessidades regionais, numa perspectiva de desenvolvimento. Neste contexto, o Instituto Politécnico de Santarém tem implementado a elaboração de planos de desenvolvimento estratégico com base em consultas ao mercado de trabalho.Há novos cursos na forja?Este ano lectivo foram propostos à tutela dois novos cursos. A Escola Superior de Educação propôs o curso de Licenciatura em Tecnologias da Comunicação Multimédia e a Escola Superior de Desporto de Rio Maior o curso de Licenciatura em Desporto, variante Gestão das Organizações Desportivas.Também a Escola Superior de Enfermagem submeteu à aprovação uma Pós-licenciatura de Especialização em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia.Concretamente, como se processa a articulação entre o IPS, através das suas várias escolas, e o mercado de trabalho? Há parcerias a esse nível?O Instituto Politécnico de Santarém tem desenvolvido parcerias com Autarquias, Associações, Núcleos Empresariais, Instituições Bancárias, Instituições Educacionais, Empresas, Clubes Desportivos..., tendo em vista a cooperação em termos de transferência de conhecimentos, de realização de projectos e de inserção dos diplomados na vida activa. O elevado número de protocolos estabelecidos com várias instituições corrobora este facto.É necessário, porém, ir mais longe. Temos, (o Instituto e as Empresas), de encontrar formas e fórmulas de cooperação no domínio da investigação aplicada em que todos ganhem, sobretudo, o país.A estabilidade do corpo docente é fundamental para a qualidade do ensino, mas notícias recentes referem que a maior parte dos professores do ensino superior são contratados a prazo, portanto em situação precária. Isso também acontece no IPS? Porquê?Quando se pensa em qualidade de ensino, numa instituição académica, a estabilidade dos docentes é fundamental. No entanto, o número de professores efectivos depende do número de lugares disponíveis no quadro. No Ensino Superior Politécnico, há vários anos que os quadros das instituições não são actualizados. Tal implica que a contratação dos docentes como equiparados aumente consideravelmente e que muitos docentes com as habilitações necessárias, Doutoramento ou Mestrado, não ingressem ou não possam progredir na carreira. Esta é uma situação a que o IPS não é alheio.Outra situação que contribui para o aumento de docentes equiparados, nas nossas Escolas, é a contratação de profissionais das empresas, normalmente a tempo parcial, com formação específica para as nossas áreas de ensino.As restrições orçamentais impostas pelo Governo afectaram o funcionamento do IPS?Apesar de, até ao momento, termos conseguido superar as restrições financeiras, no futuro, se esta situação continuar, poderá afectar a qualidade do ensino.Que projectos estão em curso, ou programados, em termos de melhoria das instalações nas várias escolas?Há vários projectos em curso tendo em vista a melhoria de infraestruturas da instituição, ou a criação de outras, que envolvem salas de aula, gabinetes, laboratórios, oficinas tecnológicas, bibliotecas, etc...É pertinente referir os projectos concretizados neste ano de 2004 e outros que ora se estão a iniciar. No primeiro caso está a construção da Residência de Estudantes Pedro Álvares Cabral, localizada no Centro Histórico da cidade (recuperação de um edifício antigo) e a construção da Biblioteca da Escola Superior de Gestão. No segundo, o arranque da construção das instalações definitivas, da residência de estudantes e da cantina da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, prevista já para este ano, embora por fases. Continua a fazer sentido pugnar pela criação de uma Universidade do Ribatejo a partir dos dois politécnicos existentes no distrito? Quais seriam as vantagens?Os Institutos Politécnicos de Santarém e de Tomar são duas instituições de prestígio, com espaços próprios em termos de Educação, Ciência e Cultura, ministrando cursos em várias áreas científicas, desde a formação inicial à pós-graduada.Neste contexto, não encontro vantagens na criação de uma Universidade, mas mantenho a convicção de que as duas instituições devem continuar a desenvolver parcerias em favor da região.
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