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Mudança para o CNEMA foi benéfica

Mudança para o CNEMA foi benéfica

A palavra a dois antigos presidentes da Feira Nacional de Agricultura

A transferência da Feira Nacional de Agricultura para o CNEMA foi benéfica para o certame, apesar de nem sempre se ter aproveitado todas as potencialidades do parque de exposições. A opinião é de Hermínio Martinho e José Andrade, que já lideraram a maior feira agrícola do país e gostavam de ver acentuada a vertente técnica do certame.

Hermínio Martinho já tem saudades da manga da Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo que era um emblema do certame quando este se realizava no Campo Infante da Câmara, no centro de Santarém. O local onde desfilavam toiros, cavalos e campinos “fazia dela uma feira única no mundo”, lembra.O ex-presidente da Feira Nacional de Agricultura acha que a perda desse quadro único é a principal desvantagem da mudança da feira para o Centro Nacional de Exposições - um complexo erigido na Quinta das Cegonhas que o próprio ajudou a negociar e que recebe o evento há onze anos.“A ideia que tinha era a de que a cidade não ia crescer para ali. Era uma zona verde com bons acessos, que permitia estender o parque até ao Tejo. Pretendíamos uma feira com o empenho do Ministério da Agricultura e que o parque fosse um espaço vivo ao longo do ano, com leilões de gado, cursos de reciclagem e de formação para técnicos, trabalhadores e empresários agrícolas”, afirma Hermínio Martinho.O também ex-administrador da Companhia das Lezírias considera que esse projecto inicial “está bastante deturpado” e lembra que por discordar da criação do CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas), que passou a organizar a feira em 1985, acabou por se desligar dessa realidade.”A feira devia estar nas mãos da câmara”, defende.E vai mais longe: “A Feira Nacional de Agricultura de hoje não tem nada a ver com a ideia inicial. Não se trata de uma crítica, mas a ideia que presidiu à escolha daquele espaço era que se realizassem ali certames marcadamente agrícolas”. Daí dizer que, se pudesse alterar o figurino da feira, optava por “acentuar a sua vertente técnica”.Mesmo assim, o antigo deputado e vereador reconhece que a mudança foi benéfica e que a transferência permitiu libertar o Campo Infante da Câmara, um espaço de quase nove hectares no centro da cidade onde poderá nascer a grande praça de que o velho burgo necessita.O fim das “brasileiradas”Um ponto onde a sua opinião converge com a de outro antigo presidente da feira e homem que liderou o CNEMA durante os anos em que foi construído o parque de exposições. José Andrade foi presidente do conselho de administração do CNEMA e, por inerência, da Feira de Agricultura de 1985 a 1993, ano em que se realizou a primeira edição na Quinta das Cegonhas. “Pedi a demissão quinze dias antes da inauguração do CNEMA”, recorda.José Andrade reviu-se nessa opção pela mudança. “Considerava que criar um espaço que permitisse não só fazer uma feira e valorizá-la, como criar outras actividades e fazer um programa muito polivalente da utilização do espaço era uma coisa extremamente útil para a região e para Santarém em particular”.Mas sentiu “alguma frustração” por, “ao longo dos últimos anos”, o CNEMA não ter sido utilizado de acordo com todo o seu potencial. E pior ficou quando o rumo da feira começou a fugir um pouco ao figurino habitual. José Andrade teceu duras críticas às “brasileiradas” que, no seu entender, tiraram a dignidade e importância à feira, enquanto grande festa ribatejana. Felizmente, para ele, as coisas alteraram-se com a nova administração do CNEMA. “Quando o programa vem tentar revitalizar os programas anteriores da feira que a tornaram grande, que a tornaram atractiva, que simbolizava não só a nossa agricultura, mas também o Ribatejo, as suas vivências e as suas tradições, só posso ficar satisfeito”.Mas há efeitos negativos que são mais difíceis de contornar. Como a crise que grassa na agricultura nacional que tem levado à diminuição da procura, relativamente a máquinas e outros produtos. Mesmo assim, a feira continua a ser uma grande montra do sector. E José Andrade, como agricultor que se preza de ser, não tem dúvidas quando lhe perguntamos se planeia visitar o evento: “Com certeza que irei!”.
Mudança para o CNEMA foi benéfica

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