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Campino homenageado

António Manuel Caetano é filho de Vila Franca

No sábado à tarde, quase duas centenas de campinos e cavaleiros e uma multidão anónima vão homenagear António Manuel Caetano, campino da Companhia das Lezírias. O “Mata-Cavalos”, como é carinhosamente conhecido entre a campinagem, devido à sua corpulência, é um verdadeiro campino e um filho de Vila Franca de Xira.

Nasceu numa casa modesta da Rua Joaquim Pedro Monteiro, mesmo ao pé da curraleta, há 54 anos e foi no campo que se fez homem depois de ter perdido o pai, Venceslau Henriques Caetano (distinto campino que será recordado com a entrega do pampilho de honra no sábado), com apenas cinco anos. Foi do pai que herdou o gosto pelo campo e pelo gado.Conta que fugiu da escola aos 9 anos porque “só andava lá a estorvar os outros que queriam aprender” e o campo chamava por ele. António Manuel, o mais velho de três irmãos, sentiu a obrigação de ajudar a sustentar a família e nunca se arrependeu da vida que escolheu. “É uma vida dura”, mas os seus olhos azuis celestes e a sua boa disposição transmitem a alegria de um homem que gosta daquilo que faz.O dia do campino começa às 7h00 da manhã, nos campos da Companhia das Lezírias onde guarda a montada, e não tem hora de acabar. A jornada termina quando as tarefas estão cumpridas. António Manuel Caetano e a sua equipa de seis campinos tratam da vacada da Companhia das Lezírias e têm mais de duas mil cabeças à sua responsabilidade. Só o campino cuida de 480 animais.Mesmo assim ainda arranja tempo e disposição para participar nas maiores festas da região. Santarém, Vila Franca, Alcochete, Benavente, Salvaterra, Samora, Azambuja e Coruche são terras que conhecem o campino. António Manuel destaca-se pelas suas características físicas e pelo seu ar sempre brincalhão. Os amigos gostam de o provocar e desafiar a sua vocação de contador de histórias, algumas com mais picante.Uma vida no campoHoje o campino vem dormir a casa todos os dias, mas nos primeiros tempos só vinha a casa um dia por semana para levar o alforge que comia durante a semana. Apesar do salário ser modesto e de continuar a trabalhar “muito”, a situação da campinagem mudou “da noite para o dia” Os fracos conhecimentos adquiridos na escola não inibiram António Caetano de escrever umas cartas amorosas à mulher com quem casou depois de regressar do Ultramar. Maria Leopoldina era a menina dos olhos do campino e soube ser merecedora da sua entrega partilhando com ele os bons e, sobretudo, “muitos maus momentos”. Hoje têm duas filhas e dois netos de dois meses e três anos que são ao “aí Jesus” da família”. A vida de campino pregou-lhe vários sustos, mas orgulha-se de nunca ter partido nenhum osso. Os amigos dizem que é por ter muita carne a protegê-los. Nelson Silva Lopes

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