Câmara não quer pagar prejuízos
Festa dos Tabuleiros resultou em 200 mil euros de dívidas
O presidente da Câmara de Tomar diz-se surpreendido com o prejuízo resultante da Festa dos Tabuleiros, que se realizou em Julho do ano passado. E mostra-se pouco receptivo a assumir custos com os quais não contava.
A Câmara de Tomar não parece disposta a assumir os 200 mil euros de dívidas registadas pela organização da Festa dos Tabuleiros de 2003. Porque não tem esse valor orçamentado, porque tem outras prioridades e porque não está escrito em nenhum lado que deve ser a autarquia a assumir os prejuízos.O presidente do município, António Paiva (PSD), afirmou na reunião do executivo de segunda-feira que irá pedir uma reunião com o mordomo da festa, António Madureira, para, antes de mais nada, “perceber as contas”. Só depois estará em condições de decidir sobre o pagamento da dívida.“Fiquei surpreendido com o valor apresentado”, referiu António Paiva, adiantando que o orçamento camarário deste ano não tem nenhuma previsão para cobrir um défice de 200 mil euros.A ser a câmara a pagar a dívida, coisa para a qual o presidente não parece muito inclinado, a autarquia terá também de assumir uma posição mais firme sobre as próximas festas, para evitar que a autarquia volte a ser surpreendida de um momento para o outro. “Se nós soubéssemos que havia dificuldades já as teríamos analisado no âmbito do orçamento da câmara”, refere o edil, não deixando de acrescentar que o diferencial “é muito elevado”.Enquanto cidadão, António Paiva afirma que a festa poderia ter sido melhor preparada, de modo a que, no final, não desse prejuízos. “Estamos preparados para discutir o défice com a comissão, mas só faz sentido realizar qualquer subsídio extraordinário depois disso”, disse o autarca, acrescentando “não estar a ver” como poderá a câmara cobrir a dívida com o orçamento deste ano.Apesar de afirmar que não será necessário fazer uma auditoria às contas, porque elas parecem-lhe transparentes, António Paiva refere todavia que o relatório terá de ser analisado com muito cuidado. Até porque, em sua opinião, há aquisições que foram feitas e gastos efectuados para os quais a câmara não foi consultada e que a autarquia não pode de um momento para o outro assumir.O presidente do executivo afirma que a Festa dos Tabuleiros tem de ser sempre olhada com a singularidade de uma festa que carece sempre de uma análise específica, até porque é um evento participado por toda a população. O que não quer dizer que, no que respeita a contas, não deva seguir o conceito genérico. “À partida qualquer entidade, e por maioria de razão a câmara municipal, deve saber quais são os custos que tem com uma festa e isto é que não foi respeitado nesta festa”.Para a realização da festa a câmara atribuiu o ano passado um subsídio de cem mil euros, onde não estão contabilizadas as horas de trabalho efectuadas por inúmeros funcionários da autarquia no âmbito dos festejos.
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