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Um postal pouco turístico

Câmaras do Ribatejo e Alentejo querem estradas reparadas antes do Inverno

Autarcas do sul do Ribatejo e do norte alentejano distribuíram postais pelos automobilistas onde se reclamam obras urgentes nas estradas nacionais que atravessam os seus concelhos. Se até final do ano não houver resposta do Instituto de Estradas de Portugal ameaçam avançar para outras formas de luta.

As Câmaras de Benavente e Coruche, no distrito de Santarém, e de Avis, Mora e Ponte de Sôr, no distrito de Portalegre, juntaram-se para chamar a atenção contra o mau estado de algumas estradas nacionais que ligam o sul do Ribatejo ao norte do Alentejo e às zonas da Grande Lisboa e de Setúbal.Num protesto simbólico realizado na sexta-feira ao final da tarde, os autarcas dos cinco concelhos juntaram-se no cruzamento de Monte da Barca (Coruche), onde entroncam algumas das estradas nacionais cujo estado de degradação é mais preocupante, e, entre as 17h30 e as 18h30, distribuíram mil postais pelos condutores.O presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), foi dos mais activos entre os cerca de trinta autarcas presentes que distribuíram postais aos condutores. “É para ver se o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) olha para nós e arranja dinheiro para recuperar as estradas. É só assinar, pôr o número do BI e enviar pelo correio. Nem precisa de selo”, explicava o edil na curta paragem dos automobilistas nos semáforos.Depois de um olhar rápido aos postais intitulados “Tirem-me dos buracos”, que no verso tinham uma fotografia de um buraco enorme e o esquema das estradas mais degradadas, a maioria dos automobilistas solidarizava-se com o protesto e comprometia-se a preenchê-lo e enviá-lo ao Instituto de Estradas de Portugal (IEP).Aos jornalistas, Dionísio Mendes contou com maior pormenor as reivindicações das cinco autarquias. Em seu entender a melhor solução era a conclusão imediata do IC 10 e do IC 13, mas como isso não é possível a curto prazo, a exigência vai para a reparação das estradas nacionais (EN) 119 (Coruche – Infantado – Alcochete – Ponte Vasco da Gama), 251 (Coruche – Canha – Montijo – Setúbal) e 114 (Coruche – Santarém).São troços de estrada fundamentais para o acesso a Lisboa e a Setúbal, para cujo porto se dirigem muitos dos pesados que circulam nestas vias, e que no total representam cerca de cem quilómetros. “Sem esta reparação, o próximo Inverno será catastrófico”, afirmou o autarca de Coruche, acrescentando que tanto ele como os colegas tiveram reuniões individualizadas com o IEP onde colocaram as suas revindicações mas ouviram sempre a mesma resposta: não há dinheiro e as verbas são escassas.Com a acção de protesto localizada a um quilómetro da fábrica de beterraba e a escassos metros da unidade de transformação do arroz Cigala, Dionísio Mendes salientou os graves prejuízos que o mau estado das estradas provoca na economia da região. “Começamos a ter problemas de escoamentos de produtos e circulação de pessoas”, reforçou o autarca estabelecendo o início do Inverno como o prazo limite para que as reparações sejam feitas.Recordando a presença da selecção de futebol da Croácia, que esteve instalada na Estalagem do Sorraia, durante o Euro 2004, o autarca afirmou que tinha vergonha sempre que a equipa tinha de circular por aquelas estradas para se deslocar para Lisboa ou Leiria.No caso de Benavente, além das estradas referidas, a preocupação da câmara vira-se também para outras vias, como é o caso do troço da EN 118 entre Benavente e Samora, que apresenta, segundo o vice-presidente da autarquia, Carlos Godinho (CDU), “um índice de degradação muito elevado” devido a “negligência do IEP que não tem cumprido com os seus deveres”.O autarca diz que já foram estabelecidos contactos com a Direcção de Estradas de Santarém e com o IEP, mas até ao momento não houve qualquer resposta positiva. Melhor está a situação da EN 10, outra preocupação da Câmara de Benavente. Carlos Godinho diz que tem informação que a via deverá entrar em obras no início de 2005.Também prestes a entrar em obra está a EN 118-1, que liga Benavente a Santo Estêvão. Ao fim de muitos anos de luta, a autarquia conseguiu que se concretizasse a desclassificação, obra que será executada pela câmara com financiamento da administração central e que irá arrancar em breve.Os autarcas de Coruche e Benavente manifestaram a sua vontade em que esta acção fosse o último protesto público, mas garantiram que se não houver respostas do IEP terão de avançar com outras formas de luta.A acção de protesto contou ainda com a presença de um elemento da Associação Na-cional de Cidadãos Auto-mobilizados (ACA-M). Silvino Domingos deu razão aos autarcas e atacou o que disse ser a visão economicista do IEP, que, em seu entender, não se preocupa com a segurança e vida dos cidadãos, mas com as questões orçamentais. Ao mau estado do pavimento de muitas estradas, o elemento da ACA-M juntou a sinalização péssima de algumas vias como os principais problemas das estradas da região.

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