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Carros de cidade para vigiar a floresta

Carros de cidade para vigiar a floresta

Direcção Geral dos Recursos Florestais atribui viaturas alugadas que não conseguem andar nas matas

A vigilância motorizada das matas da região está a ser feita com viaturas ligeiras que não podem circular no interior das zonas florestais. Os carros foram atribuídos às câmaras municipais pela Direcção Geral dos Recursos Florestais.

Treze municípios da região estão a usar viaturas ligeiras na vigilância das matas. Os carros foram atribuídos pela Direcção Geral dos Recursos Florestais (DGRF) no âmbito do Programa de Apoio à Vigilância Móvel nas Florestas. Pelas suas características os veículos para pouco servem, já que só podem andar em estradas de alcatrão deixando o interior das matas desprotegido. Este é um exemplo de pla-neamento da vigilância feita em cima do joelho. Não tem em conta as características das áreas florestais da região, com terrenos acidentados e estradas em mau estado. Ivete Strecht, responsável da DGRF por esta área, admite que não houve muito tempo para preparar este programa. As autarquias não escondem o desapontamento e o espanto quando receberam carros Renault Clio e Toyota Yaris, alugados pela DGRF a empresas privadas. O vice-presidente da Câmara de Azambuja conta que esperava receber um veículo todo-o-terreno, atendendo à grande densidade florestal do concelho. Por isso, Luís de Sousa considera que esta solução “só serve para gastar dinheiro”. Tal como o comandante dos Bombeiros Municipais de Alpiarça, Rodrigo Mira, o autarca de Azambuja considera que a viatura não é adequada para o serviço. “O Toyota Yaris que nos foi entregue é muito bom para os senhores que estão sentados nos gabinetes do Terreiro do Paço darem umas voltinhas por Lisboa. E como é um carro pequeno, é fácil de estacionar”, ironiza Luís de Sousa. Continuando as críticas, Luís Sousa diz que medidas destas são óptimas para o Governo ir para a televisão dizer que está a apoiar a vigilância florestal. O coordenador da protecção civil municipal de Abrantes, João Pombo, não é tão duro nos comentários, mas confirma que o carro tem muitas limitações. A começar pelo facto de não poder entrar no interior das matas, onde a vigilância é fundamental. Este é o primeiro ano do Programa de Apoio à Vigilância Móvel nas Florestas e, no entender de João Pombo, está a começar mal. “No mínimo devia ser uma viatura com tracção às quatro rodas. Mas o ideal era mesmo uma carrinha todo-o-terreno equipada com kit de primeira intervenção (inclui tanque de água para fazer o ataque inicial às chamas enquanto não chegam os bombeiros). O município de Abrantes já tinha definido vários percursos pelas matas onde era necessária uma vigilância eficaz. Com esta situação foi obrigado a reformular os giros. No concelho de Alpiarça o Renault Clio também só tem andado por “estradões” de terra e alcatrão. Almeirim e Chamusca, que já têm meios de vigilância motorizada, não concorreram ao programa. Na Chamusca, aliás, a associação ACHAR faz a observação das florestas em veículos adequados e com sistema de primeira intervenção. Na região, os municípios contemplados com as viaturas da DGRF são Constância, Alpiarça, Ourém, Ferreira do Zêzere, Sardoal, Alcanena, Santarém, Azambuja, Rio Maior, Abrantes, Entroncamento e Vila Franca de Xira, informou a DGRF. As autarquias de Chamusca, Almeirim, Torres Novas e Tomar também fizeram uma candidatura, mas optaram por não pedir viatura ficando o apoio por meios técnicos como binóculos e telemóveis.António Palmeiro
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