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Estação de Azambuja em piloto automático

Terminal ferroviário está reduzido a um funcionário da CP

As máquinas automáticas de vendas de bilhetes já substituíram os funcionários da Estação de Comboios de Azambuja. Quem paga o preço da modernização são os mais idosos que se debatem diariamente com dificuldades.

A Estação de Comboios de Azambuja, que se encontra entre as seis mais movimentadas da linha suburbana de Lisboa, está a funcionar quase totalmente em sistema automático.Desde o mês passado que só um funcionário da CP garante o funcionamento das bilheteiras da estação durante algumas horas por dia. É também o único agente que tem que efectuar a assistência às máquinas de venda automática de bilhetes. Ao fim de semana a estação está encerrada e durante a semana funciona apenas das 6h50 às 10h00 e das 13h00 às 16h00. Um período insuficiente para quem precisa de pedir uma informação, fazer um requerimento ou trocar uma nota.As duas máquinas de venda automática de bilhetes e assinaturas pretendem substituir os recursos humanos da empresa durante 24 horas por dia, mas a verdade é que muitas vezes estão fora de serviço ou não têm trocos disponíveis.A maior dificuldade é sentida pelas pessoas mais idosas da comunidade, muitas das quais não sabem ler ou escrever. “Os idosos têm muitas dificuldades e não conseguem tirar meio bilhete. Já cheguei a vê-los sentados à espera que chegasse alguém. Não entram no comboio sem bilhete porque são pessoas que têm dignidade”, confidenciou um popular.Até há três anos trabalhavam na estação cinco funcionários da CP. Com a introdução das máquinas três foram transferidos para Lisboa. Desde essa altura que as bilheteiras deixaram de vender títulos para as composições regionais.A redução drástica do horário da bilheteira dificulta também a vida a quem quer comprar passes combinados. “Acabo sempre por comprar em Lisboa porque só encontro a bilheteira aberta de manhã e vou sempre à pressa para o comboio”, explica Rita Dias, 28 anos, residente em Casais Penedos.Contactado pelo nosso jornal o assessor de imprensa da CP, Waldemar Abreu, explicou que o guarnecimento das estações é feito em função do movimento de passageiros existente e do pessoal disponível. “O movimento desta estação não justificava a alocação de tantos funcionários, que poderiam ser transferidos para outras estações com maior movimento”, explica, adiantando que em alternativa foram disponibilizadas máquinas para venda de bilhetes“É natural que o actual horário de funcionamento não agrade a cem por cento das pessoas, mas julgamos ser o mais ajustado para a prestação de um serviço com os standard mínimos de qualidade”, argumenta. Entre 60 a 70 por cento das vendas de bilhetes são feitas através dos sistema automático, o que segundo a CP demonstra a adesão dos clientes.Aumento da insegurançaO perigo do aumento da insegurança e vandalismo no interior da estação, apesar das câmaras de vigilância, é uma situação que também preocupa os utentes da estação.Há alguns meses Silvia Santos, 17 anos, escapou por pouco de ser roubada nas escadas da estação. A máquina instalada na passagem superior estava avariada e quando descia para tirar o título junto à bilheteira foi abordada por um toxicodependente. Valeu-lhe a mãe que veio ao seu auxílio.Com a janela da bilheteira corrida quase durante todo o dia muitos utentes temem que aumente a degradação, vandalismo e a insegurança na estação limítrofe de uma das maiores zonas suburbanas de Lisboa.O problema preocupa igualmente a autarquia azambujense que há já alguns meses denunciou a diminuição da vigilância. Apesar de não ter ainda conhecimento de qualquer alteração no número de funcionários, o presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Joaquim Ramos, considera que nestas situações é melhor prevenir que remediar e está disposto a contactar a CP a fim de averiguar a situação.Segundo informações do assessor de imprensa da CP, Waldemar Abreu, caso se venha a verificar a necessidade de colocação de segurança privada para protecção de pessoas e bens da CP na estação, poderão ser colocados elementos para a prestação deste serviço. O responsável recorda também que as estações são propriedade e gestão da Refer, estão também guarnecidas com pessoal da empresa que tem a obrigação de zelar pelas suas infra-estruturas. Ana Santiago

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